O ministro do Interior de Itália e líder da extrema-direita, Matteo Salvini, defendeu esta sexta-feira que Malta devia permitir a entrada nos seus portos de centenas de migrantes resgatados por uma embarcação humanitária perto da Líbia.
Pedimos humana e politicamente que Malta abra finalmente um dos seus portos, e permita que estas pessoas desesperadas desembarquem”, afirmou Salvini, que criticou, durante a campanha eleitoral, os navios de resgate de organizações não-governamentais (ONG), comparando-os a serviços de táxi que ajudam traficantes de migrantes.
Salvini afirmou que, depois do desembarque, Malta devia também apreender o navio. Malta respondeu que “irá agir de acordo com as leis e protocolos aplicáveis”. Segundo a lei Internacional, o país tem de responder se for o porto seguro mais próximo da embarcação, ou tal for pedido pelo capitão do navio.
A situação é semelhante ao recente impasse entre Itália e Malta, quando ambos os países recusaram entrada ao navio Aquarius, que foi obrigado a navegar mais 1.500 quilómetros na última semana até ao porto de Valência, em Espanha, onde desembarcaram 629 migrantes.
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O ministro italiano disse na quinta-feira que não vai permitir a entrada do novo navio, operado pela ONG alemã “Mission Lifeline”, nos portos italianos, anunciando que a organização agiu de forma inadequada ao resgatar os 224 migrantes que a guarda costeira italiana designou serem da responsabilidade da guarda costeira da Líbia.
A ONG nega as declarações de Salvini de que o resgate foi feito em águas líbias. A “Mission Lifeline” declarou que ainda não lhe foi atribuído um porto, apesar dos seus pedidos, para o desembarque dos migrantes, incluindo aqueles resgatou que adicionalmente durante a noite.
“Os últimos afogamentos demonstram o quão importante são os nossos esforços de resgate, e que nem um único barco pode ser ignorado” disse Axel Steier, fundador da “Mission Lifeline”, acrescentando que a prioridade não pode ser o controlo fronteiriço, mas sim o resgate de vidas humanas.
Mais de 640 mil migrantes entraram em Itália desde 2014, muitos dos quais se dirigiam inicialmente para países vizinhos, antes de estes terem reforçado o seu controlo fronteiriço. As chegadas ao país decresceram cerca de 80% este ano, para 14.500, resultado da preferência dos migrantes por outras rotas.