O cartaz do primeiro dia do Rock in Rio resumia-se a um nome: Muse. Apesar de os britânicos já terem passado várias vezes por Portugal, sozinhos ou integrados num festival, ficou claro com o cair da noite de que a maioria do público tinha-se deslocado até ao Parque da Bela Vista quase exclusivamente para ver a banda liderada por Matthew Bellamy. Quando os Muse subiram ao palco, o recinto estava cheio.

Sem um álbum novo desde 2015, os britânicos apresentaram um alinhamento que não será muito diferente do da sua última passagem por Portugal. Houve todos os grandes êxitos, desde “Supermassive Black Hole” a “Hysteria”, passando “Starlight”. Nesta última, tocada na última meia hora de concerto, os fãs mostraram ter a letra na ponta da língua, e não falharam quando o vocalista lhes pediu para “gritar” e cantar com ele. Matthew Bellamy gostou tanto da afinação do público português que até agradeceu, numa das poucas interações com os fãs ao longo da noite (nenhuma novidade aí também).

Como já é costume nas atuações dos britânicos, foram lançadas bolas gigantes insufláveis durante “Starlight”, que os fãs se entreteram a empurrar de um lado para o outro. Enquanto isso, a banda continuou a avançar na setlist, com “Time Is Running Out” e “Mercy”, chutando hit atrás de hit. Não se esperava menos de quem já está mais do que habituado a estas andanças e sabe bem como agradar.

(JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR)

Isso nota-se também na coesão da banda. Não há amadores aqui, mas também não há grandes novidades. O único momento fora da caixa — e digno de um verdadeiro concerto de rock’n’roll — foi quando Bellamy, no final de “Stockholm Syndrome”, atirou a guitarra ao ar e lhe deu um pontapé, ficando a vê-la deslizar pelo palco. Depois voltou a pegar nela como se nada fosse, seguindo entre riffs arrastados para “Madness”.

A sensação de deja vu que marcou todo o concerto é talvez sintoma de quem anda nisto há demasiado tempo sem ter nada de novo para apresentar. As mesmas lantejoulas, os mesmos LEDs, os mesmos passos de dança cronometrados em redor da guitarra — tudo isto já foi visto e revisto, aqui e em toda a parte. Mas para quê mexer numa receita que já se provou tantas e tantas vezes ser de sucesso? No fim, depois de uma chuva de papelinhos, fitas coloridas que ficaram presas nos cabos do slide e um encore que contou com temas como “Uprising” e “Knights of Cydonia”, os fãs saíram contentes. E é isso que interessa.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR