A The Real Urban Emissions Initiative (TRUE) levou a cabo onde um estudo em cinco países (França, Espanha, Suécia, Suíça e Reino Unido), analisando as emissões de óxidos de azoto (NOx) de 375 mil veículos em condições reais de utilização, tendo concluído que até mesmo o melhor diesel, pertença da Jaguar Land Rover, quase que duplica as emissões legalmente permitidas na União Europeia (UE).

Segundo os investigadores, as conclusões alcançadas são fidedignas, já que a metodologia adoptada não permite grandes habilidades no que toca à viciação de resultados, sendo mesmo garantido que é “quase impossível” falsificar os dados obtidos. O método de análise baseou-se no estudo do espectro de um feixe de luz: o feixe de luz atravessa o fluxo dos gases que emanam do escape e, dependendo da luz absorvida, é possível determinar a concentração dos compostos que interessa verificar.

Realizado entre 2011 e 2017, o estudo contemplou modelos que deveriam obedecer a diferentes normas antipoluição, dos Euro 2 aos Euro 6, o que significa que, teoricamente, tratar-se-iam de carros cada vez menos poluentes, na medida em que a regulamentação tem vindo a ser cada vez mais restritiva. Mas os autores da TRUE notam que, em condições reais de utilização, as diferenças entre um Euro 2 e um Euro 5 são mínimas, no que respeita ao NOx libertado: “houve pouca redução”.

Contudo, esta está longe de ser a única conclusão avassaladora deste trabalho, segundo o qual alguns Euro 6 excedem em até 18 vezes o limite imposto pela UE, havendo mesmo quatro fabricantes cujos diesel Euro 6, em média, multiplicam por 12 as emissões de NOx que deveriam cumprir. Todos os Euro 3, Euro 4 e Euro 5 analisados ​​emitem mais de 180 mg/km, o que os leva a serem qualificados como “pobres”, o mesmo acontecendo à maioria dos Euro 6. Quase nenhum modelo entre os Euro 3 e os Euro 6 fica abaixo do respectivo limite legal, enquanto os Euro 5 emitem, pelo menos, o dobro do que deveriam por lei.

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De salientar que as conclusões deste estudo não colocam em causa o facto de os veículos analisados estarem legais, por respeitarem os limites de homologação vigentes à data em que foram produzidos, todos eles de acordo com a antiga norma NEDC. Esta será entretanto substituída pela WLTP (a partir de Setembro), bastante mais próxima das condições reais de utilização, que vai ser ainda ser mais reforçada a partir de 2020, com a introdução do sistema Real Driving Emissions, destinado a complementar o WLTP. O que este estudo da TRUE prova é a grande discrepância (que já se sabia existir) entre as emissões determinadas pela NEDC, em laboratório segundo um método ultrapassado, e a realidade, através da condução do mesmo veículo no dia-a-dia.

Entre os melhores, o destaque vai para a Jaguar Land Rover, que tem dois dos três motores diesel mais “limpos”. O melhor resultado alcançado pertence ao 2 litros (não é especificado qual), que ainda assim quase duplica as emissões permitidas, com 0,149 g de NOx/km. Segue-se o 3 litros da BMW (0,174 g/km) e o 3 litros da Jaguar-Land Rover (0,259 g/km). No cômputo geral, tendo em conta todos os motores testados, os construtores que melhor se saem são a Jaguar Land Rover, seguida pelo Grupo Volkswagen e BMW.

No extremo oposto encontram-se a Suzuki, a Subaru, a Renault-Nissan e a Fiat Chrysler Automobiles (FCA). O grupo italo-americano não sai muito bem desta fotografia pois, segundo os autores do estudo, o seu diesel 2 litros multiplica por 18 a quantidade de NOx legalmente permitida, libertando 1,485 g/km. O 2.2 CRDI da Hyundai também é dos mais “sujos” (1,298 g/km), seguido pelo 2 litros da Subaru (1,21 g/km) e pelo 1.6 dCi da Renault-Nissan (1,164 g/km).