A União Europeia está pronta a retaliar contra os Estados Unidos caso a administração norte-americana concretize a ameaça feita pelo seu presidente de aplicar uma taxa entre os 20% e os 25% sobre as importações de automóveis e componentes oriundos da União Europeia, garantiu a Comissão Europeia. O Executivo europeu já estará a preparar uma lista de bens norte-americanos para impor uma taxa aduaneira de 20%, avança a Bloomberg.
Donald Trump deu ordem, em maio, ao Departamento do Comércio dos EUA para que abrisse uma investigação ao abrigo de uma lei norte-americana de 1962 para averiguar se as importações de automóveis e componentes para o seu fabrico colocam em causa a segurança nacional dos Estados Unidos, a terceira investigação deste tipo aberta durante esta administração.
O presidente norte-americano tem sido publicamente crítico do excedente comercial que a União Europeia tem com os Estados Unidos, acusando mesmo o bloco europeu de se aproveitar dos Estados Unidos e, depois de várias rondas de taxas aplicadas também à União Europeia – como sobre a importação de alumínio –, agora decidiu focar-se no setor automóvel, um dos tipos de bens que a União mais exporta para os Estados Unidos.
De acordo com os números da Associação Europeia de Produtores Automóveis, em 2017 cerca de 25% dos veículos de passageiros importados pelos Estados Unidos eram oriundos da União Europeia, num total de 37,4 mil milhões de euros. A UE exportou quase 1,15 mil milhões de veículos de passageiros para os EUA, quase 30% do que produziu.
No entanto, a União Europeia apenas importou 234 mil veículos de passageiros, no valor de 6,2 mil milhões de euros, o equivalente a 20% da produção automóvel norte-americana.
Estes valores podem refletir o comércio entre estes dois blocos, mas não a totalidade dos produtos que seriam alvo de tarifas caso a administração norte-americana avance com a medida que tem vindo a indicar.
A taxa – entre 20% e 25% – seria aplicada a importação de veículos e de componentes para o fabrico de automóveis. Dependendo da forma como esta é modelada, são aplicadas taxas diferentes sobre os diferentes tipos de produtos e podem afetar mais que os veículos automóveis de passageiros acima referidos. Além disso, a taxa não é especificamente aplicada à União Europeia, mas afeta outros grandes exportadores de automóveis para os Estados Unidos, como é o caso do México e do Canadá.
De acordo com o Departamento do Comércio, o valor das importações automóveis dos EUA em 2017 atingiu os 176 mil milhões de dólares do mundo inteiro, mais 36 mil milhões de dólares em carrinhas e outros 147 mil milhões de dólares.
Ainda na quarta-feira, o presidente norte-americano ameaçou a União Europeia com uma “retaliação tremenda”, mencionando especificamente estas taxas, caso não consiga o acordo comercial que deseja com a União Europeia – Jean-Claude Juncker estará em Washington para se reunir com Donald Trump na próxima semana.
A Comissão Europeia já tinha avisado esta quarta-feira, pela mão do presidente Jean-Claude Juncker que estará pronta a responder em igual proporção, caso os EUA avancem com a aplicação destas taxas aduaneiras sobre a importação de automóveis e componentes. Hoje foi a vez da comissária europeia para o Comércio, Cecilia Malmström, garantir que a União já está a preparar uma lista de bens para aplicar taxas aduaneiras em resposta, sem dizer ainda quais, nem que taxas.
No entanto, pouco depois das palavras da comissária europeia, a agência Bloomberg avança que a Comissão Europeia estará a preparar uma taxa de 20% para uma lista mais vasta de produtos.
A retaliação não significa, como tem acontecido, que as taxas se apliquem sobre o mesmo tipo de produtos (automóveis e componentes automóveis), até porque a União Europeia não poderia responder na mesma proporção.