Um Airbus A380, o maior avião comercial do mundo, aterrou esta segunda-feira pela 1.ª vez em Portugal, no aeroporto de Beja, atualmente o único português capaz de o receber, atraindo centenas de curiosos para ver o “gigante dos céus”. Trata-se do Airbus A380 que a companhia aérea europeia Hi Fly, sediada em Lisboa e que se dedica ao aluguer de aviões com tripulação, manutenção e seguros, comprou este mês, tornando-se a 1.ª companhia do seu modelo de negócio, a 4.ª da Europa e a 14.ª a nível mundial a operar um avião do género.

O avião, vindo de Inglaterra, onde participou na edição deste ano de um dos maiores eventos internacionais de aviação, o Festival Aéreo de Farnborough, que decorreu na semana passada, aterrou às 16h57 no aeroporto de Beja, o que atraiu centenas de curiosos e provocou congestionamentos no trânsito nos acessos à infraestrutura.

Trata-se de “um momento histórico para a aviação civil” em Portugal, já que é “a primeira vez” que aterra em solo nacional um Airbus A380, “um gigante dos céus e o maior avião comercial do mundo de sempre”, disse à agência Lusa o presidente da Hi Fly, Paulo Mirpuri. A Hi Fly está “muito satisfeita” por ter sido Beja a receber a primeiro voo do A380 em Portugal, “o que demonstra a capacidade” e “evidencia a potencialidade” do aeroporto “como veículo dinamizador” da região, frisou.

Em declarações aos jornalistas, o administrador da Hi Fly Sérgio Bagorro disse que o A380 aterrou no aeroporto de Beja porque, atualmente, é o único em Portugal capaz de o receber e é onde a companhia tem uma das suas bases para estacionamento e manutenção de linha dos seus aviões. Segundo Sérgio Bagorro, o Airbus A380 pode aterrar em três aeroportos portugueses, nomeadamente os de Beja, no Alentejo, e das Lajes, nos Açores, que resultam do aproveitamento civil e usam pistas de bases militares, e o de Lisboa.

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Mas, atualmente, “somente o de Beja” está “preparado” para receber o Airbus A380 e ainda é preciso “ultimar alguns procedimentos” para o avião poder aterrar nos outros dois aeroportos. “Lisboa é um aeroporto extremamente congestionado e Beja é a melhor opção” e é onde a Hi Fly está “mais à vontade” para estacionar o A380 para fazer as ações necessárias antes de o avião entrar em operação comercial, explicou Sérgio Bagorro.

De acordo com informações prestadas à Lusa pela Hi Fly, o A380, que deverá entrar em operação comercial no final deste mês, fica no aeroporto de Beja “alguns dias” para “familiarização” das tripulações com a base e treino e formação das equipas de operações de terra, engenharia e manutenção da companhia sediadas em Portugal.

Entre as centenas de curiosos presentes no aeroporto para assistirem à aterragem do “gigante dos céus” estava Hélder Coelho, de 42 anos, que é de Moura e deslocou-se a Beja “de propósito” com a mulher e o filho a Beja para ver o A380 “o mais perto possível”. Trata-se de “um momento único que não quis perder por nada, porque foi a primeira vez que um A380 aterrou em Portugal e logo no aeroporto da minha região”, contou à Lusa Hélder Coelho.

Em declarações à Lusa, o “spotter” português Luís Salgueiro, que se deslocou “de propósito” de Lisboa para fotografar a aterragem e teve acesso privilegiado ao interior do aeroporto, disse que já fotografou vários voos de um A380, mas o desta segunda-feira foi “um momento único”, porque tratou-se do primeiro realizado em Portugal e por uma companhia sediada no país.

Em declarações aos jornalistas, o porta-voz do movimento de cidadãos “Beja Merece +”, Florival Baiôa, que também estava presente, disse que a aterragem do A380 foi “extremamente importante”, porque “demonstra algumas potencialidades do aeroporto de Beja”.

Poderia ter sido uma aterragem “banal”, não tivesse sido a primeira no país e feita na pista que serve o aeroporto de Beja, que “consegue receber os aviões de maior porte” e, atualmente, é a única em Portugal capaz de o receber e, por isso, foi “um dia muito importante” para a infraestrutura aeroportuária alentejana, disse Florival Baiôa. Segundo a Hi Fly, “o Airbus A380 é um avião significativamente maior do que todos os outros e carece de equipamento específico para poder ser assistido”.

Por isso, frisa a companhia, para ser possível operar o Airbus A380 num aeroporto têm de se verificar “várias condições” técnicas, como o comprimento e a largura da pista e haver uma área de estacionamento “suficientemente ampla” e meios para assistência ao avião.

Segundo a Hi Fly, a companhia e a Airbus realizaram “exaustivas” análises técnicas e de ‘performance’ à capacidade do aeroporto de Beja para receber o A380, mas “não foi necessário fazer qualquer alteração ou obras”. No entanto, foi preciso “reajustar alguns dos procedimentos operacionais para permitir a operação” do avião na infraestrutura, explicou a empresa.

Segundo a Hi Fly, o A380, que voará por todo o mundo e está equipado com tecnologia e acabamentos de última geração e motores Rolls Royce Trent 900, tem capacidade para 471 passageiros distribuídos por três classes (primeira, económica e executiva), mas numa configuração de alta densidade poderá transportar até 853 passageiros.

A performance do A380 “vai ao encontro do compromisso de sustentabilidade da Hi Fly”, porque produz “apenas 75 gramas” de dióxido de carbono por passageiro por quilómetro e “reduz emissões de gás nocivas, transportando mais pessoas com um menor impacto para a atmosfera”, refere a companhia.

A compra do A380, que tem 11 anos e foi o sexto exemplar construído pela Airbus, é “uma aposta certa” da Hi Fly, porque “consegue transportar mais passageiros com menos emissões de dióxido de carbono e de uma forma mais eficiente a nível de custos e de combustível”, frisou Sérgio Bagorro.