Donald Trump aceitou rever as taxas alfandegárias impostas à União Europeia (UE). Numa conferência de imprensa realizada depois do encontro com Jean-Claude Juncker, na Casa Branca, o presidente dos Estados Unidos da América declarou uma “nova fase” na relação com a Europa e garantiu que os dois lados vão trabalhar no sentido de eliminar as taxas aplicadas aos bens não industriais e outras barreiras comerciais. A UE prometeu comprar mais soja e gás natural.

“Foi um grande dia para comércio livre e justo”, disse Trump, citado pela CNN, anunciando a criação “imediata” de um grupo de trabalho. “Estamos a começar as negociações agora, mas sabemos muito bem a onde é que elas vão parar”, afirmou  ainda, de acordo com o The New York Times. Já o presidente da Comissão Europeia  — que se deslocou até Washington para tentar evitar as novas taxas aplicadas aos automóveis — admitiu que tinha intenção de sair da reunião com um acordo na mão, o que acabou de facto por por acontecer: “Eu vim para um acordo, fizemos um acordo”.

Juncker explicou ainda que os Estados Unidos e a UE não pretendem avançar com novas taxas e que, eventualmente, até irão acabar com as existentes (a não ser que não seja possível chegar a um acordo). Tudo será feito para que isso aconteça. “Acordámos, antes de mais, trabalhar em conjunto para chegarmos a taxas zero, barreiras zero e subsídio zero”, disse Trump no final da reunião.

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Mas por agora só existem princípios de acordo, com nenhum dos líderes a ser claro sobre alguns pontos quentes do conflito comercial entre as parte. Por exemplo, Donald Trump não foi claro sobre o fim da taxa sobre o comercio de aço e alumínio (o ponto onde começou todo o conflito), o compromisso para já estabelecido é o de revisitar essa matéria. O mesmo para algumas promessas feitas por Juncker, como por exemplo a da importação de soja em que não foi detalhado qual o volume de importação previsto.

Depois da reunião, o presidente norte-americano também fez questão de anunciar logo ali que a União Europeia concordou em comprar “uma grande quantidade de sementes de soja quase imediatamente” e também aumentar de forma “massiva” a importação de gás natural liquefeito dos EUA. Nunca foi dito quanto e, no caso da soja, a questão pode vir a revelar algumas dificuldades já que a União Europeia interditou a importação de soja geneticamente modificada e a quase totalidade da soja plantada nos EUA tem esta característica.

Por seu lado, Juncker revelou que enquanto decorrer a negociação que agora vai ter lugar, não serão cobradas taxas nem sobre os carros importados da Europa e serão analisadas as que já existiam — por iniciativa da atual administração americana — sobre o comércio de aço e alumínio.

Trump prometeu ainda resolver o problema do alumínio e do aço. Em março, começaram a ser aplicadas tarifas aduaneiras de 25% às importações europeias de aço e de 10% às de alumínio. Bruxelas ameaçou retaliar com novos impostos, no valor de 2,8 mil milhões de euros, com a comissária europeia do comércio a admitir: “Não nos deixam outra escolha”. As declarações desta quarta-feira representam, assim, uma reviravolta nas posições dos Estados Unidos e da UE.

Depois da conferência de imprensa, anunciada de surpresa depois de menos de duas horas de reunião, não houve espaço para perguntas.

Artigo atualizado com declarações dos dois líderes sobre o acordo que vai ser negociado