Mais de 4.500 portugueses com risco moderado e muito alto de diabetes foram reencaminhados pelas farmácias para o seu médico de família, no âmbito de uma ação de rastreio nacional que envolveu cerca de 8.100 utentes, foi esta quarta-feira anunciado.
A referenciação dos utentes decorreu no âmbito do Desafio Gulbenkian “Não à Diabetes!”, realizado entre 14 de novembro de 2017 e 1 de maio de 2018, com o objetivo de informar e prevenir o desenvolvimento da diabetes tipo 2, “uma doença com custos importantes para o Serviço Nacional de Saúde”, refere a Associação Nacional das Farmácias (ANF) em comunicado.
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A ação de rastreio envolveu 383 farmácias de 64 municípios, avaliando um total de 8.112 utentes, adianta a ANF, acrescentando que a referenciação de mais de metade dos portugueses examinados deu origem a cerca de 2.000 mil consultas médicas.
Segundo a associação, foram diagnosticados 190 doentes que desconheciam ser diabéticos, traduzindo-se em 9,5% dos utentes com diabetes.
O método utilizado pelos farmacêuticos foi a avaliação de risco (Findrisk), com suporte tecnológico e a comunicação entre o sistema da farmácia e a Plataforma de Dados em Saúde, do Ministério da Saúde, tendo os casos de risco mais elevado sido encaminhados para consulta médica nos cuidados de saúde primários.
Para o diretor do Programa Gulbenkian Inovar em Saúde, da Fundação Gulbenkian, Jorge Soares, contribuíram “para o sucesso desta intervenção” dois fatores chave.
“O primeiro foi a eficácia do recrutamento e identificação das pessoas com risco de diabetes, através da colaboração excecional das farmácias para identificar os utentes, fazer-lhes o teste e encaminhá-los para os centros de saúde. O segundo fator foi a educação das pessoas para o futuro, com foco nos centros de saúde. O sucesso do desafio só foi possível graças ao alinhamento de vários parceiros: as autarquias, as farmácias como porta de entrada e os centros de saúde”, afirma Jorge Soares no comunicado.
O rastreio através da avaliação do risco de desenvolver a doença, mediante fatores como a obesidade, tabagismo ou antecedentes familiares é fundamental, porque a diabetes é assintomática no início, mas pode provocar lesões em diversos órgãos, como os rins, olhos e sistema vascular.
Uma diabetes não diagnosticada, não controlada, com um nível metabólico desregulado e elevados níveis de glicose no sangue, tem um maior risco de complicações e pode conduzir à morte”, explica Adelaide Figueiredo, médica no Centro de Diabetologia do Hospital Distrital de Santarém.
O diagnóstico precoce da diabetes é importante para prevenir lesões e complicações associadas, como o enfarte do miocárdio, os acidentes vasculares cerebrais ou o pé diabético.
Em Portugal a diabetes afeta mais de um milhão de pessoas e é diagnosticada a cerca de 200 novos doentes por dia. A este número juntam-se mais de dois milhões de pessoas com pré-diabetes.
Estima-se que cerca de 44% das pessoas com diabetes estejam por diagnosticar, sendo por isso, o diagnóstico precoce, uma das prioridades do Programa Nacional para a Diabetes (PND).