Para o procurador no supremo tribunal de justiça grego Xeni Dimitriou, como revela o jornal helénico Ekathimerini, o culpado pode ser o Estado. Depois de indícios de que as autoridades gregas foram lentas a responder ao apelo dos cidadãos afetados e da falta de planos de emergência para este cenário, o procurador grego começou uma investigação para apurar as causas deste incêndio que já fez pelo menos 80 mortos, dezenas de feridos e muitos ainda desaparecidos.

Até agora, além do número de mortos que continua a subir, mais de 1500 casas foram destruídas por estes incêndios. Ao todo, 2100 hectares de floresta arderam. Veja aquelas que estão a ser apontadas como principais causas.

81 mortos e 187 feridos. Mais de mil casas ainda não foram verificadas e o incêndio já foi extinto

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Condições Climatéricas

É o ano mais quente registado na Grécia. Depois de um inverno particularmente seco que a Grécia atravessou, como noticia o The Guardian, as atuais temperaturas de 40 graus em algumas partes do país e os fortes ventos registados no momento dos incêndios levaram à rápida propagação das chamas.

Mas para já, Nikos Charalambides, responsável pela associação Greenpeace Grécia, afirma que é “precipitado” dizer que as “alterações climáticas e falhas na prevenção de combate às chamas” são a causa deste desastre.

Resposta das autoridades

700 pessoas correram em direção às praias e entraram na água para escapar às chamas. Mesmo com equipas da proteção civil grega a montarem postos de entrega de comida e auxílio em Mati, Rafina e Kineta esta terça-feira, sobreviventes e munícipes afirmam que a resposta não foi célere e que foi desorganizada.

Casas e carros destruídos, bombeiros exaustos e o céu cheio de fumo. As imagens da tragédia dos incêndios na Grécia

Fogo posto

Esta é uma das razões apontadas pelo executivo de Tsipras. A existência de 15 focos de fogos a começarem em simultâneo aponta para uma causa difícil de controlar, fogo posto.

Um porta-voz do governo grego deu como exemplo que estes focos de incêndios surgiram em três frentes distintas em Ática, o que levou o país a pedir aos Estados Unidos um drone para averiguar toda “a atividade suspeita”, como noticia o El País. Esta suspeita é sustentada pela especulação imobiliária, pelo desejo de construir em zonas florestas ou de criar parques eólicos nas zonas afetadas.

Falta de prevenção

Apesar de o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, ter dito esta terça-feira que “os porquês” devem ser investigados “quando  for a altura certa”, com a oposição a afirmar o mesmo, a responsabilidade pode – também — estar na falta de prevenção. Em 2009, o governo de Kostas Karamanlís teve o que seria o início da queda dessa executivo devido à fraca resposta das autoridades pelaaos incêndios florestais desse ano .

Como noticia o El Pais, em fevereiro de 2017 quatro mil bombeiros cessaram os contratos que tinham com o Estado grego. Depois de o governo pedir uma votação no parlamento, apenas metade destes bombeiros tiveram os contratos renovados.

Vários meios noticiosos e municípios afirmam ainda que as autoridades não tinham um plano de emergência para uma situação como a que ocorreu. Esta causa aliada à falta de um plano nacional de organização florestal poderá ter contribuído para o elevado número de mortes.