O Presidente cessante do Zimbabué, Emmerson Mnangagwa, antigo braço direito do seu antecessor, Robert Mugabe, derrubado em novembro, foi proclamado vencedor, à primeira volta, da eleição presidencial, com 50,8% dos sufrágios, anunciou esta sexta-feira a comissão eleitoral.

Mnangagwa superou o líder da oposição, Nelson Chamisa, que obteve 44,3% dos votos, detalhou a presidente da comissão, Priscilla Chigumba, durante uma conferência de imprensa em Harare, organizada em ambiente de tensão, com os militares a partilharem as ruas da capital. Com 50,8% dos votos, “Emmerson Mnangagwa Dambudzo, do partido Zanu-PF, é por consequência declarado Presidente eleito da República do Zimbabué, a partir de 03 de agosto”, acrescentou.

O vencedor reagiu entretanto no Twitter, agradecendo aos eleitores. “Embora tenhamos estado divididos nas urnas, estamos unidos nos nossos sonhos”, declarou. “Este é um novo começo.”

Minutos antes do anúncio dos resultados, um porta-voz da oposição tinha tomado a palavra, durante a conferência de imprensa da comissão eleitoral, para denunciar os “resultados falsos”, tendo sido levado do palco pela polícia. Aos jornalistas, Chamisa declarou que o Zanu-PF está “a tentar degradar o resultado”. “Não o iremos permitir”, afirmou, de acordo com a BBC.

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Com o resultado à justa de pouco mais de 50% dos votos, Mnangagwa evita assim uma segunda volta da eleição presidencial. Os presidentes da África do Sul (Cyril Ramaphosa) e do Burundi (Pierre Nkurunziza) já felicitaram Emmerson Mnangagwa pela vitória.

A missão de observadores internacionais que inclui, entre outros, representantes da União Europeia, dos EUA, da Commonwealth e da União Africana, condenaram a demora no anúncio dos resultados e a violência ocorrida durante a campanha presidencial. A polícia reviu entretanto esse número em alta, explicando que morreram afinal seis pessoas. Na passada quarta-feira, três pessoas foram atingidas a tiro pelo Exército quando este tentava controlar uma manifestação na capital Harare. No dia seguinte, a polícia deteve 18 pessoas na sede do MDC.

Mnangagwa dirige o Zimbabwe desde o derrube em novembro do Presidente Robert Mugabe, obrigado pelos militares e pelo seu partido, Zanu-PF, a demitir-se ao fim de 37 anos no poder. Desde a sua independência em 1980, o país só conheceu dois chefes de Estado, ambos do Zanu-PF: Mugabe e Mnangagwa, o seu antigo vice-presidente, de 73 anos, que obteve esta quinta-feira legitimidade eleitoral.