A lira turca está novamente a cair a pique e a renovar mínimos históricos, com as palavras do presidente turco a não conseguirem acalmar os mercados. Depois de na segunda-feira ter desvalorizado quase 16% face ao dólar, a lira turca está a perder mais de 8% e a arrastar os mercados europeus consigo. Reçep Tayyip Erdogan diz que a economia turca está sitiada e acusa os Estados Unidos de darem uma facada nas costas da Turquia.

As mostras de confiança do presidente da Turquia não foram suficientes para estancar a sangria nos mercados. Esta segunda-feira, a lira turca está a cair mais de 8% face ao dólar e já esteve perto de uma desvalorização de 8%. No último mês, a moeda turca já perdeu mais de 30% do seu valor face ao dólar e está num valor historicamente baixo.

A bolsa turca segue o mesmo caminho e os seus principais índices estão a cair mais de 4%. Os juros exigidos pelos investidores para deterem dívida turca a 10 anos continuam a bater máximos e já superam os 21%.

Não é só na Turquia que os mercados estão no vermelho. Na Europa, com exceção de um índice da bolsa da Estónia, todos os outros encontram-se a sofrer perdas. Quem perde mais é o IBEX35, o principal índice da Bolsa de Madrid, que está a desvalorizar mais de 1%.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Facada nas costas

Depois de na sexta-feira e no sábado ter pedido aos turcos para trocarem todas o dinheiro que têm em dólares e euros por liras turcas, numa tentativa de estancar a desvalorização da lira, o presidente da Turquia diz que a economia turca está sitiada e que os Estados Unidos estão a dar uma facada nas costas da Turquia.

O presidente turco diz que espera que estes “ataques” continuem e que a Turquia tem de estar preparada para lhes fazer frente quando isto acontecer.

Os dois países, aliados tradicionais na região e especialmente por a Turquia fazer parte da NATO – uma das queixas de longa data da Rússia –, estão envolvidos numa disputa diplomática devido à prisão de um pastor norte-americano na Turquia.

Andrew Brunson encontra-se atualmente sob prisão domiciliária e é um dos 20 norte-americanos acusados pela justiça turca de participarem na tentativa de golpe de Estado contra o presidente da Turquia em 2016.

O pastor é acusado de ter ligações a dois grupos que a Turquia considera terroristas, o partido dos trabalhadores do Curdistão – mais conhecido como PKK – e o movimento liderado por clérigo turco radicado nos Estados Unidos, Fethullah Gulen.

Fethullah Gulen é considerado por Erdogan como o responsável máximo pela tentativa de golpe de Estado e tem sido um foco de tensão entre Turquia e Estados Unidos. A Turquia exige, desde 2016, a extradição de Fethullah Gullen para que seja julgado na Turquia como o autor moral da tentativa de golpe de Estado, mas os EUA recusaram sempre estas pretensões, tanto durante a administração de Barack Obama como na de Donald Trump.

O presidente norte-americano já falou diretamente como Erdogan a exigir a libertação do clérigo norte-americano, mas o presidente turco tem recusado. Na sequência da falta de entendimento, Donald Trump ameaçou impor sanções contra a Turquia, que como uma economia fragilizada. Na sexta-feira, Donald Trump anunciou que tinha dado autorização para duplicar as taxas aduaneiras (que são impostas sobre as importações) sobre o alumínio e o aço.

Os Estados Unidos também já tinham aplicado sanções contra dois responsáveis turcos há cerca de um mês, em resposta a este caso. Na altura, a Turquia prometeu retaliar.