O presidente da concelhia do PSD/Lisboa, Paulo Ribeiro, disse ao Observador que o partido não se pronuncia sobre a presença da líder da Frente Nacional, Marine Le Pen, na Web Summit, uma vez que o encontro é um “evento privado, com organização privada” e, por isso, “é a organização que decide quem convida ou deixa de convidar”. Ainda assim, Paulo Ribeiro — líder da concelhia que coordena a ação política dos vereadores por Lisboa — acrescenta que “se a esquerda, o PS e o Bloco de Esquerda, que têm maioria na câmara, estão incomodados com a presença de Le Pen só têm uma opção: ou patrocinam a vinda e assumem isso ou retiram o patrocínio ao evento“.
O PCP, através do gabinete de imprensa dos vereadores na CML, afirma em declarações ao Observador que “só pode merecer condenação que a pretexto da Websummit – uma cimeira que promovida a partir de uma dimensão tecnológica afinal expressa os interesses e objetivos do grande capital – se promova a ideologia e figuras proeminentes da extrema-direita”. Para o PCP este “facto [é] tão mais inaceitável quando se está perante uma iniciativa realizada em Portugal com apoios públicos.”
O Bloco de Esquerda — que faz parte da maioria no executivo municipal — exigiu já esta terça-feira que o Governo e a Câmara Municipal de Lisboa tomem posição sobre o convite da Web Summit a Le Pen. A deputada e dirigente bloquista Isabel Pires considerou que “não é aceitável que dinheiros públicos possam ser utilizados para, na verdade, ajudar Marine Le Pen a ter mais uma plataforma para passar mensagens de xenofobia e de racismo, como é a sua linha política.” Apesar de reconhecer o direito da Web Summit a escolher de forma de independente os convidados, Isabel Pires exige um debate político que permita vedar a participação de Marine Le Pen.
Vários dirigentes do Bloco começaram desde logo a criticar a vinda de Marine Le Pen. O dirigente e antigo candidato à câmara de Loures, Fabian Figueiredo, acusou a Web Summit de estar “apostada em contribuir para a normalização da extrema-direita” e considerou o convite da organização “um insulto” aos portugueses.
Organização da edição de 2018 da @WebSummit está apostada em contribuir para a normalização da extrema-direita.Em Portugal, há pouco mais de 40 anos vencemos um regime fascista que torturou e matou.Este convite é um insulto. Vai ter protesto. Marine Le Pen é 'persona non grata'. pic.twitter.com/MXIp2AL68z
— Fabian Figueiredo ???? (@ffigueiredo14) August 10, 2018
Também o dirigente e deputado José Manuel Pureza criticou a escolha da Web Summit e aproveitou para mandar uma “bicada” a António Costa.
https://twitter.com/jmpureza/status/1028287163455217666?ref_src=twsrc%5Etfw%7Ctwcamp%5Etweetembed&ref_url=https%3A%2F%2Fwww.dn.pt%2Fdinheiro%2Finterior%2Fmarine-le-pen-sempre-vai-falar-na-web-summit-9713161.html
Mais longe foi o deputado socialista e ex-porta-voz do PS, João Galamba, que prometeu mesmo agir para impedir a presença de Marine Le Pen no Web Summit. “Não se juntam, não, que a gente não aceita. Normalização de fascistas já ultrapassa em muito o aceitável”, atirou o socialista.
Não se juntam, não, que a gente não aceita. Normalização de fascistas já ultrapassa em muito o aceitável. https://t.co/QHyphSICIK
— Joao Galamba (@Joaogalamba) August 11, 2018
A eurodeputada socialista Ana Gomes também já comentou esta terça-feira o assunto, dizendo que “não é tolerável”, acusando a Web Summit de estar “numa de normalizar o fascismo”.
What?!!!! Não é tolerável. A #WebSummit está numa de normalizar o fascismo? Não e sobretudo não em #Portugal! Quem são os responsáveis? https://t.co/6vCERCfW3g
— Ana Gomes (@AnaMartinsGomes) August 14, 2018
Existe também já uma petição a correr para impedir a participação de Marine Le Pen Web Summit. A associação SOS Racismo emitiu um comunicado na segunda-feira a dizer, sobre a ida de Marine Le Pen ao evento, que “não se trata de escolher entre liberdade de expressão e censura, mas sim, entre a democracia e o ódio racial”. No mesmo comunicado a SOS Racismo “condena o convite a Marine Le Pen” e “exige a retirada do convite à líder da extrema-direita francesa e que todas entidades envolvidas na organização do WebSummit tomem publicamente posição”.