A chanceler alemã e o Presidente russo concordaram este sábado em considerar os acordos de Minsk como a base para resolver o conflito na Ucrânia, e defenderam a necessidade de evitar uma catástrofe humanitária na Síria.
Angela Merkel e Vladimir Putin encontraram-se hoje na Alemanha, o segundo encontro entre os dois em pouco mais de três meses, considerado por Merkel como a possibilidade de “retomar o diálogo” depois do encontro em Sochi, em maio passado.
Em declarações antes da reunião, no palácio Mesenberg (a 60 quilómetros de Berlim), Merkel sublinhou a responsabilidade que tem a Alemanha, mas sobretudo a Rússia, como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU e com poder de veto, na procura de soluções para os muitos conflitos graves no mundo.
Entre os temas do encontro Merkel destacou o da crise na Ucrânia, para cuja solução “os acordos de Minsk são e continuarão a ser a base”, admitindo no entanto que não há ainda um cessar-fogo sustentado. Os dois estadistas deverão falar também de uma missão da ONU ao leste da Ucrânia.
Vladimir Putin lamentou a falta de avanços na resolução do conflito e, como Merkel, disse que “não existe alternativa ao cumprimento dos acordos de Minsk”, afirmando-se depois disposto a apoiar uma missão da ONU.
Os dois também concordaram em continuar a trabalhar, com a França e a Ucrânia, para a resolução do conflito.
Em relação à Síria, o segundo grande tema do encontro, Merkel sublinhou a necessidade de se evitar uma catástrofe humanitária em Idlib, defendendo que é preciso implementar no país um processo político que inclua uma reforma constitucional e possíveis eleições.
Putin destacou a importância de se aumentar a ajuda humanitária na Síria e de apoiar sobretudo as regiões onde estão a regressar pessoas que tinham fugido da guerra, construindo as infraestruturas básicas, como água e aquecimento.
Os dois líderes devem falar ainda do projeto de gasoduto Nord Stream II, que ligará diretamente a Rússia à Alemanha através do Mar Báltico e que segundo Putin “minimizará os riscos de transporte e garantirá o crescente consumo na Europa”.
Os Estados Unidos e alguns países europeus têm vindo a manifestar-se contra o gasoduto, considerando que pode aumentar a dependência energética da Europa face à Rússia, prejudicar a Ucrânia (grande país de trânsito de gás) e representar um risco ambiental.
Antes do encontro de hoje o Presidente russo fez uma curta visita à Áustria para participar no casamento da ministra dos Negócios Estrangeiros, Karin Kneissl, com Wolfgang Meilinger, um homem de negócios. As autoridades austríacas impuseram fortes medidas de segurança no local da cerimónia.
A participação de Putin no casamento (as fotografias mostram o Presidente russo a dançar com a noiva) foi criticada pela oposição, que diz que põe em causa o papel de neutralidade da Áustria no conflito do leste da Ucrânia, onde rebeldes apoiados pela Rússia combatem forças do Governo. A Áustria detém a presidência rotativa da União Europeia.
O porta-voz de Putin disse que o Presidente esteve no casamento cerca de uma hora, tendo oferecido presentes e feito um “longo brinde, em alemão”.