Açucena Patrícia, irmã do futebolista Yannick Djaló, foi vítima, juntamente com outras cinco pessoas, de um atropelamento nas Festas da Moita, no distrito de Setúbal, durante a madrugada deste sábado. A jovem de 17 anos foi transportada ainda com vida para o Hospital Garcia de Orta, mas acabou por morrer. As outras cinco vítimas do atropelamento sofreram ferimentos ligeiros e foram todas assistidas no local, tendo algumas sido depois encaminhados para o Hospital do Barreiro.

No Instagram, Yannick Djaló escreveu que “palavra nenhuma consegue descrever” a dor que sente e que ainda não consegue acreditar no que aconteceu. Numa publicação a que juntou várias fotografias da irmã, o futebolista lembrou a “Açu”, a sua “menina”: “Nunca me passou pela cabeça que isso fosse acontecer… Era suposto essa mensagem vir de ti e estar no teu Instagram e não no meu”, disse. “Ainda não consigo acreditar… Vou entrar por aquela porta e me vais saltar para os braços… Ainda não consigo acreditar…Tenho de te ver… ”

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Nunca passou-me pela cabeça que isso fosse acontecer… era suposto essa mensagem vir de ti, e estar no teu Instagram e não no meu, era suposto tu sentires essa dor e não eu, era suposto que essas lágrimas fossem tuas e não minhas… nunca quis que sofresses, mas preferia que sentisses o que estou a sentir e trocássemos de lugar, minha Açu…palavra nenhuma consegue descrever a dor que sinto e quão pesado está o meu coração … minha Açu… minha menina! Ainda não consigo acreditar… vou entrar por aquela porta e me vais saltar para os braços… ainda não consigo acreditar…Tenho de te ver… tenho de olhar p ti, p teu rosto… tenho de sentir de verdade que realmente não estás mais aqui! ????????????

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O atropelamento que vitimou Açucena Patrícia aconteceu junto a um bar da Moita, na Travessa do Açougue, uma rua que estava com restrições ao trânsito devido às festas do município. Por causa deste condicionamento de trânsito, as pessoas circulavam à vontade naquela zona, explicou ao Observador o Major Nuno Gonçalves, responsável pelas comunicações públicas do Comando Territorial da GNR de Setúbal.

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A GNR, que estava a fazer o policiamento do evento, apercebeu-se, por volta das 1h50 deste sábado, que havia uma viatura a circular num espaço interdito à circulação automóvel. “Esta viatura foi para um sitio onde havia um enorme aglomerado de pessoas e, pelo caminho, tentou atropelar algumas”, explicou o Major Nuno Gonçalves à SIC Notícias, o que acabou por conseguir. Depois seguiu pela Rua Silva Evaristo e colidiu com um poste que se encontrava à entrada da Travessa do Açougue.

O veículo ligeiro ficou imobilizado no local, mas não sem antes atropelar seis pessoas. “Quando chegámos ao local, vimos as vítimas no chão”, relatou o Major à SIC Notícias. O condutor, que ainda se encontrava no interior da viatura, ainda tentou fugir, começando a fazer marcha atrás. Para o deter, os militares da GNR tiveram de partir um dos vidros do carro, que estavam fechados.

O bombeiro Francisco Jesus, que vive perto do local, ouviu o estrondo provocado pelo acidente e deslocou-se ao local, onde a GNR já se encontrava a fazer o perímetro de segurança, contou ao Correio da Manhã. Prestou os primeiros cuidados a Açucena Patrícia enquanto esperavam pelos Bombeiros da Moita e pela Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMR), que chegou pouco depois.

Francisco Jesus conta que teve de ajudar a libertar as vias respiratórias da jovem que estava a sufocar devido ao sangue que estava a perder. Ao bombeiro, que encontrou a jovem inconsciente e enrolada no chão, parece que a mesma terá sido projetada contra uma parede devido ao embate do automóvel.

O representante da GNR não confirmou a identidade das vítimas, se o condutor se encontrava alcoolizado.

Os militares do destacamento do Montijo foram os primeiros a chegar ao local porque eram a equipa que se encontrava a fazer o policiamento da festa. Os militares do destacamento de intervenção de Setúbal tinham já sido, entretanto, enviados para o local, seguidos do Núcleo de Investigação Criminal de Acidentes de Viação. Como existiu uma vítima mortal no atropelamento, a Polícia Judiciária também foi notificada da ocorrência. Cabe ao Tribunal do Barreiro decidir quem continuará as investigações, explicou o Major Gonçalves: se for um acidente de trânsito com mortos será a GNR, se for considerado um homicídio será a Polícia Judiciária.

Atropelamento terá sido intencional e terá tido origem em “desacato entre dois grupos”

O homem de 21 anos foi ouvido no Tribunal do Barreiro desde as 10h deste sábado, sendo-lhe aplicada prisão preventiva como medida de coação prisão preventiva. Em comunicado, a GNR referiu que o condutor está indiciado de 12 crimes, dez deles de homicídio qualificado na forma tentada, um de homicídio qualificado e um outro de condução perigosa.

À SIC Notícias, o responsável pelas comunicações públicas do Comando Territorial da GNR de Setúbal confirmou que “tudo leva a crer” que o atropelamento terá sido intencional. “Segundo relatos”, o incidente terá tido origem “num desacato entre dois grupos” presentes nas festas. Este “individuo utilizou a sua viatura para atropelar propositadamente estas pessoas”.

Atualizado pela última vez às 18h24