Quando uma mulher de 62 anos foi apanhada numa loja em Mackay a esconder uma agulha dentro de uma banana, por breves segundos a polícia australiana pôde pensar que estava mais perto de resolver o misterioso caso dos morangos adulterados. Mas não. A mulher sofre de problemas mentais, e provavelmente só terá querido copiar o que viu, durante a última semana, nas notícias. A polícia já afirmou que o caso da banana não está relacionado com o dos morangos e o mistério à volta deste último adensa-se. Quem é que anda a pôr agulhas e alfinetes nos morangos australianos? Ninguém sabe.
Os primeiros avisos das autoridades australianas aconteceram a semana passada. Depois dos primeiros relatos de consumidores de que haviam encontrado agulhas dentro de morangos, foi lançado o alerta e as autoridades de saúde aconselharam os consumidores a desfazer-se de quaisquer morangos que tivessem comprado na primeira semana de setembro.
“Se alguém tem morangos em casa, o mais fácil é desfazerem-se deles, até porque podem não saber de que marca são. Se alguém engolir uma agulha, ela pode acabar dentro do seu intestino”, alertou Jeannette Young, do departamento de saúde de Queensland, o estado australiano onde se encontra a quinta de onde saíram os primeiros morangos contaminados.
Inicialmente, as agulhas foram encontradas em fruta de duas marcas específicas, a Berry Obsession e a Berrylicious, mas rapidamente o problema se espalhou por marcas de outros comerciantes.
Nesses primeiros dias, o relato de Joshua Gane era assustador. Na sua página de Facebook, o jovem contava que depois de comer um morango da marca Berry Obsessions, comprado num supermercado da cadeia Woolworths, um amigo seu engoliu parte de uma agulha de costura. Ao verificar o resto da caixa, encontraram mais um morango contaminado. Os dois acabaram por procurar ajuda médica, já que o jovem que engoliu a agulha começou a sentir dores abdominais.
Este, segundo as autoridades australianas, é o único caso conhecido de alguém que tenha ingerido uma agulha.
Outro caso relatado pela imprensa australiana, foi o de uma mãe, Angela Stevenson, que ao cortar a fruta encontrou um pedaço de metal. Ao aperceber-se que tinha enviado morangos daquela embalagem no lanche que o filho levou para a escola, telefonou de imediato para o estabelecimento de ensino pedindo que simplesmente pusessem os morangos no lixo.
Agora, uma semana depois do alerta, a polícia continua sem saber se se trata de sabotagem levada a cabo por uma única pessoa ou se se trata de um ataque concertado. Seja o que for, já foi considerado um ato de terrorismo comercial e a indústria de produtores de morangos corre sérios riscos num momento em que já há 10 casos relatados. Na Nova Zelândia, os morangos australianos já foram retirados das prateleiras dos supermercados.
A investigação é complicada, explicam as autoridades. “Há uma série de cenários complexos e nós estamos a olhar para todos e, por isso, a investigação está a levar o seu tempo”, disse, esta segunda-feira, Ian Stewart, comissário da polícia de Queensland, referindo-se à vasta cadeia de fornecedores e clientes para onde os morangos são enviados.
Enquanto a investigação da polícia não chega a bom porto, os produtores temem pelo seu futuro e pelos empregos que possam vir a ser perdidos na sequência deste caso. Em Queensland, há cerca de 150 produtores de morangos.
O governo daquele estado australiano já ofereceu uma recompensa de 100 mil dólares australianos (61.500 euros) a quem fornecer pistas que levem à detenção e condenação do responsável pela contaminação dos morangos.
À medida que o caso se alastra pela Austrália, já há várias marcas afetadas: Berry Obsession, Berry Licious, Love Berry, Donnybrook Berries, Delightful Strawberries, Oasis, Mal’s Black Label e Pinata.
Para já, a recomendação aos consumidores é de que cortem os morangos antes de serem ingeridos, de forma a garantir que não há agulhas ou alfinetes no seu interior. Os produtores garantem que não haverá problemas com fruta embalada em datas posteriores a 13 de setembro e pedem aos consumidores que não parem de consumir esta fruta.