A sobrelotação das morgues e cemitérios no Estado de Jalisco, no oeste do México, levou a que as agências mortuárias tivessem de colocar mais de 100 corpos não identificados, vítimas de violência relacionada com crime organizado, dentro de um camião refrigerado, que tem andado de um lado para o outro face às constantes reclamações.

Desta vez, foram os habitantes de Tlajomulco de Zúñiga a fazer queixa, depois de terem reparado no mau cheiro que vinha do camião, estacionado num terreno baldio. “Isto afeta os nossos filhos, tem um cheiro horrível e quanto mais tempo ficar aqui, pior vai ser”, disse Patricia Jiménez, uma moradora, à agência Reuters.

Roberto López, secretário-geral de Jalisco, explicou à imprensa local que a morgue do Estado foi “inundada” de cadáveres devido ao surto de mortes causado pela violência que assola o país, garantiu que o camião era refrigerado e não tinha sido abandonado e acrescentou que uma nova morgue vai estar concluída daqui a um mês e meio.

Embora a refrigeração possa atrasar o estado de decomposição dos cadáveres, muitos dos corpos que estão no camião foram recuperados de cemitérios clandestinos, estando já em avançado estado de decomposição, avançaram as autoridades, citadas pela Fox News.

No México, recorde-se, a lei proibe a cremação de corpos ligados ao crime violento. A crescente onda de violência no país tem feito com que vários Estados tenham ficado sem espaço para os corpos. No ano passado, uma empresa que trabalhava próxima de uma morgue em Guerrero teve de parar de trabalhar devido ao mau cheiro vindo do local. Em Jalisco, “o espaço físico para manter os corpos está lotado, tendo em conta que a cada dia se encontram cadáveres em sítios diferentes, em covas clandestinas, na rua, etc.”, disse Javier Perlasca, inspetor da comissão de direitos humanos.

A taxa de homicídios no México atingiu um valor recorde no ano passado: 29.168 assassinatos registados. Só em julho deste ano, foram contabilizados 2.599 homicídios, o pior mês desde 1997.

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