Quantas vezes já abriu um e-mail e pensou: “Nem vale a pena responder”. Devido a aplicações que dizem ao remetente quando, e quantas vezes, abriu o e-mail recebido, a resposta de “desculpa, não vi”, pode rapidamente fazê-lo ser apanhado numa mentira, mesmo sem saber. “Mas disse não ao recibo de leitura”, pode estar a pensar. Não interessa. Estes “trackers”, que facilmente podem ser instalados no browser, informam quando abriu a mensagem em tempo real. Mas há resposta para quem ainda quer o respeito pela privacidade.

Aplicações de mensagens como o WhatsApp ou o Messenger podem não dar opção para os utilizadores lerem uma mensagem recebida sem o remetente saber, mas os serviços de e-mail deviam protegê-lo. Assim, o truque para evitar que quem enviou uma mensagem eletrónica com “tracker” saiba quando a abriu, é mudar as definições de pré-visualização de imagens no serviço de e-mail que utiliza (Hotmail, Gmail, YahooMail, etc.).

A forma como a maioria destas aplicações para remetentes curiosos  funciona, como explicou o The Wired em 2017 quando falou do problema dos trackers na Web, é inserir uma imagem tão pequena que quase é invisível num e-mail. Quando esta mini-imagem é aberta, um download automático é feito que permite ao tracker saber que o ficheiro foi descarregado e avisa o remetente. Alguns serviços conseguem até dizer em que sítio é que o download ocorreu.

Sim, é um cenário Orwelliano, mas a premissa em tudo na Internet continua a ser: atenção, tudo o que se faz online pode ser visto. Para minorizar este risco nos emails, a solução passa por impedir que a pré-visualização de imagens em mensagens eletrónicas seja feita automaticamente.

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No Gmail pode ir a definições > geral e aceder e nesta secção desligar a opção de carregamento automático de fotografias. No Outlook.com, a Microsoft deixa aqui os passos necessários para desligar esta opção, mas deixamos os aviso, nos “trackers” que fizemos o teste no Outlook, mesmo desligado, o serviço continuou a fazer a pré-visualização e a informar a aplicação. Noutros serviços de e-mail a solução é a mesma, encontrar a definição de carregamento automático de imagens em e-mails e desabilitá-la.

Mas no cenário em que recebe um e-mail com tracker e quer abri-lo? Há também aplicações para os browsers, como o PixelBloc, que não só impedem o download dessa mini-imagem, como o informam se o e-mail tinha esse tipo de ficheiro para controlo do receptor.

No fim, a verdadeira solução pode passar por nem sequer abrir o e-mail que não quer ler ou a desculpa passar a ser “li, mas não houve tempo para responder”. Se a resposta for “mas sei que lês-te 20 vezes às quatro e meia da manhã”, a contrarresposta deve ser “mas como é que sabes?” e questionar a ética de instalar um tracker que a pessoa não tem conhecimento só para saber se abriu o email.