Há quem vá para a fila do apoio ao cliente para devolver uma tostadeira de 5 euros que veio com defeito, mas a mulher que comprou o quadro do controverso artista Banksy (por mais de um milhões de libras) nem quer ouvir falar em reembolso, mesmo sabendo que mais de metade do quadro foi desfeito em centenas de fitas. Pelo contrário, sente que é dona de um “pedaço da História da arte” e, portanto, tenciona ficar com o que resta da obra.
Na moldura do quadro estava, escondida, uma destruidora de papel que foi ativada à distância assim que o martelo do leiloeiro fechou a venda da obra “Girl with Balloon”, um dos quadros mais famosos de Banksy, um autor cuja verdadeira identidade permanece desconhecida. O público, perplexo, assistiu à destruição da pintura em grafite e acrílico da menina segurando um balão vermelho.
A mulher que comprou a obra, uma colecionadora de origem europeia e cliente de longa data da leiloeira Sotheby’s, diz, citada pelo The Guardian, que “quando o martelo caiu e a obra foi [parcialmente] despedaçada, inicialmente fiquei em choque, mas gradualmente fui percebendo que ia acabar por ficar com o meu próprio pedaço da História da arte”.
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Ninguém sabe quantas pessoas sabiam que tinha sido escondida uma destruidora de papel, que converteu mais de metade da obra (a metade inferior) em fitas. O quadro ganhou um novo nome — Love Is in the Bin — e a autenticidade da obra foi certificada pela “marca” de Banksy — sugestivamente intitulada Pest Control.
Apesar de poucos acreditarem que a Sotheby’s tinha conhecimento do plano de Banksy, o comprador da obra poderia ter bases para exigir a devolução dos 1,04 milhões de libras (equivalente a cerca de 1,20 milhões de euros), mas a dona de “Love is in the Bin” não tenciona fazê-lo — até porque, com toda a exposição mediática que existiu, o valor da obra semi-mutilada poderá ser, nesta altura, ainda maior do que dantes.