A Associação Sócio-Profissional Independente da Guarda (ASPIG/GNR) manifestou-se esta segunda-feira a favor da divulgação de fotografias de suspeitos capturados pela PSP, considerando que “os criminosos não são merecedores do mesmo respeito e consideração” que o cidadão comum.

A ASPIG está solidária com os profissionais da PSP, envolvidos nesta matéria, e não fica indignada com as fotografias, expostas publicamente, pois considera que os criminosos — nelas identificados como tal — não são merecedores do mesmo respeito e consideração, por parte do Estado e da comunidade, atribuídos ao cidadão comum”, refere aquela associação da GNR em comunicado.

Esta reação da ASPIG surge após a divulgação de fotografias, inicialmente por um sindicato da PSP (Sindicato Unificado da Polícia) e depois por vários órgãos de comunicação social e nas redes sociais, do momento da detenção de três suspeitos que tinham fugido do Tribunal de Instrução Criminal do Porto e das posteriores declarações do ministro da Administração Interna.

MAI abre inquérito sobre fuga de três homens do tribunal e divulgação de fotografias

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Para a ASPIG, “um Estado de direito democrático só o é de facto quando a autoridade do Estado, através das forças de segurança e outras entidades, não é ‘beliscada’ pela ‘gritaria’ de certas instituições que promovem a defesa dos direitos humanos sem que, muitas vezes, estejam na posse da realidade dos factos”.

Esta associação da Guarda Nacional Republicana considera que um Estado de direito democrático “só o é de facto quando quem tutela as forças de segurança deixe de ter intervenções que mais parecem anúncios de que ‘o crime compensa’ quando se indigna com certas imagens de criminosos e, em consequência, determina publicamente que se levante processos de averiguações, processos disciplinares ou medidas cautelares, onde são visados os agentes de autoridade”.

Nesse sentido, a ASPIG manifesta “repudio pelo facto de parecer que se vive numa sociedade em que, sistematicamente, o defensor dos cidadãos é constantemente visado em processos que lhe são desfavoráveis, enquanto os prevaricadores parece usufruírem de todos os direitos de defesa e pronto apoio das mais estranhas entidades”.

Depois de divulgadas por um sindicato da PSP, vários órgãos de comunicação social difundiram fotografias onde é possível ver-se três homens, que foram detidos na sexta-feira à tarde num parque de campismo em Gondomar, já algemados e sentados no chão. Os homens, suspeitos de dezenas de furtos a idosos no Grande Porto, tinham fugido na quinta-feira à tarde das instalações do TIC do Porto, depois de um juiz de instrução lhes ter decretado prisão preventiva.

Ministro considera “absolutamente inaceitável” divulgação de fotografias de suspeitos detidos

Na sexta-feira, o diretor nacional da PSP mandou instaurar um processo de inquérito para averiguar a divulgação das fotografias. Também o ministro da Administração Interna determinou a abertura de um inquérito às circunstâncias em que ocorreu a fuga dos três homens do TIC do Porto e sobre a divulgação de fotografias das suas detenções. Eduardo Cabrita considerou “absolutamente inaceitável a publicação de imagens que não correspondem à forma de atuação da polícia portuguesa”.