Os rastreios oncológicos de mama, colo do útero, cólon e reto registaram problemas na maioria do país levando assim a que as taxas de adesão ficassem abaixo das metas definidas para 2017 por várias administrações regionais de saúde (ARS). De acordo com o Público, que avança a notícia na sua edição desta segunda-feira, essa falha justifica-se, entre vários motivos, por alterações do tipo de teste, ajustamento de novos equipamentos, falta de convocatória por parte dos médicos ou, simplesmente, por desistência dos próprios pacientes.
O relatório da administração de saúde do Algarve apresenta mais pormenores sobre as várias dificuldades sentidas e é o mais detalhado. Um dos exemplos que destaca é o do cancro da mama: entre os 64% de população elegível para fazer este rastreio, apenas 57% o procurou. Entre as explicações para a falta de adesão, a ARS aponta as condições do tempo (como frio, chuva ou calor extremo) que podem afastar os utentes e a aquisição de uma unidade móvel a meio do ano que, além de registar uma varaia no final de 2017, obrigou a um período de adaptação entre remarcações e desistências na zona de Lagoa.
Além disso, evidencia o mesmo relatório, há muitas convocatórias para exames que são devolvidas: representa 59% dos motivos de exclusão”. Também no caso do rastreio de cancro do colo do útero, dos 22% elegíveis como meta, apenas 12% aderiu. Motivo: “A grande diferença prende-se com o facto de os médicos de família não estarem a convocar as suas utentes para este rastreio”, justifica a ARS, sendo que ainda há utentes sem médico de família.
Entre os relatórios de atividades do último ano, apenas a administração regional do Norte não divulgou ainda informações. Já os restantes, com maiores ou menos variações, revelam a mesma tendência descrita pela entidade do Algarve. Apenas a ARS Alentejo parece ter alcançado uma das três metas estabelecidas: o rastreio do cancro do colo do útero envolveu exames a 12.671 mulheres, o que significa que a meta de 75% de adesão foi superada, chegando a 76,5%.
Ao Público, o coordenador do Programa Nacional das Doenças Oncológicas, Nuno Miranda, reconhece que as metas nacionais ficaram “um pouco aquém” do esperado para o último ano. “Havia necessidade de ter uma plataforma única nacional que permitisse suportar os rastreios. Foi preciso uniformizar os programas e isso foi um trabalho mais moroso do que parecia inicialmente”, explicou. Mas garante que, apesar dos problemas, “as dificuldades logísticas ficarão ultrapassadas entre este ano e o próximo”.