Moçambique vai ter temperaturas mais altas e maiores períodos de seca até 2050, especialmente na zona sul do país, e terá de plantar alimentos mais resistentes, anunciaram esta terça-feira especialistas em Maputo.
“A tendência é de subida da temperatura e tem haver adaptação, reinventar”, disse Graça Manjate, membro do Instituto de Investigação Agrária de Moçambique.
Manjate falava esta terça-feira à Lusa à margem de um encontro promovido pelo Programa de Alimentação Mundial (PAM) sobre segurança alimentar e meios de subsistência em Moçambique face às mudanças climáticas.
A investigação tem de intervir e criar variedades que se adaptam às novas condições climáticas, acrescentou.
O milho foi um dos exemplos apontados durante o encontro, por ser o alimento mais consumido no país, sendo que o PAM já tem experiências em curso no país para produção de sementes melhoradas.
O encontro desta terça-feira baseou-se na análise histórica do clima feita pelo PAM, que teve em consideração dados históricos de precipitação, temperatura e vegetação dos últimos 36 anos.
Karin Manente, diretora nacional e representante daquela agência das Nações Unidas, disse estar a trabalhar com o Governo e as comunidades em várias vertentes de assistência técnica e capacitação.
“Estamos a trabalhar na planificação e sobre como apoiar os planos do Governo face a esses desafios”, disse.
O PAM apoia atualmente 160 mil pessoas em áreas habitualmente afetadas por inundações e seca.
A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) estima que 7,2 dos 28,8 milhões de habitantes (cerca de um quarto) vivam em situação de insegurança alimentar crónica no país.
Por outro lado, dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) indicam que 43% das crianças moçambicanas sofrem de desnutrição crónica, um problema que se acentua nas zonas rurais.