O Presidente Donald Trump pediu a demissão do seu procurador-geral, Jeff Sessions, esta quarta-feira, um dia depois das eleições intercalares.
A informação foi confirmada pelo próprio no Twitter, que anunciou que o chefe de gabinete de Sessions, Matthew G. Whitaker, ocupará temporariamente o cargo de procurador-geral dos Estados Unidos, até ser nomeado o novo sucessor.
We are pleased to announce that Matthew G. Whitaker, Chief of Staff to Attorney General Jeff Sessions at the Department of Justice, will become our new Acting Attorney General of the United States. He will serve our Country well….
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) November 7, 2018
Na carta de demissão, a que o New York Times teve acesso, Sessions confirma que se demite “a pedido do Presidente”. “No meu mandato como procurador-geral, restaurámos e mantivemos o Estado de Direito”, declara o procurador demitido. O vice-procurador-geral, Rod Rosenstein, deverá manter-se no cargo, com a responsabilidade da investigação às suspeitas de conluio com a Rússia, segundo avança a CNN.
Attorney General Jeff Sessions resigns: “At your request, I am submitting my resignation.” pic.twitter.com/s9gYL5GCx2
— Jeff Zeleny (@jeffzeleny) November 7, 2018
Esta investigação é a principal pedra no sapato na relação entre Trump e Sessions. O Presidente nunca gostou do facto de Sessions ter pedido escusa da investigação às ligações da campanha Trump ao Kremlin, passando para Rosenstein, seu vice, a responsabilidade de nomear um conselho especial depois de Trump ter demitido o diretor do FBI, James Comey. “Que tipo de homem é este?”, questionou Trump à altura sobre a decisão de Sessions.
Em março, os dois trocaram novos galhardetes. O Presidente acusou Sessions de “nunca ter assumido o controlo do Departamento da Justiça” e o procurador-geral respondeu à letra: “O Departamento da Justiça não será influenciado de forma imprópria por considerações políticas.”
A decisão de não colocar Rosenstein no lugar de Sessions pode indicar, como aponta o New York Times, que Trump se pode estar a preparar para demitir o procurador-especial Robert Mueller, responsável pela investigação russa — já que a decisão tem de ser tomada pelo procurador-geral em funções e tanto Sessions como Rosenstein tinham afastado essa possibilidade.
Eric Holder, procurador-geral do Presidente Barack Obama, já reagiu a essa possibilidade. “Quem quer que tente interferir ou obstruir o inquérito de Mueller deve ser responsabilizado. Esta é uma linha vermelha”, declarou no Twitter.
Anyone who attempts to interfere with or obstruct the Mueller inquiry must be held accountable. This is a red line. We are a nation of laws and norms not subject to the self interested actions of one man.
— Eric Holder (@EricHolder) November 7, 2018
Jeff Sessions foi um dos apoiantes mais antigos de Trump na política, tendo sido o primeiro senador a declarar apoio à candidatura do milionário à presidência. Sessions sempre apoiou grande parte das ideias políticas de Trump, defendendo um combate firme à imigração, por exemplo. Contudo, a relação entre os dois acabou por se deteriorar, sobretudo pelo descontentamento do Presidente com a atuação do Departamento da Justiça. Há cerca de um ano, Trump chegou a dizer-se “muito frustrado” por o seu procurador não estar a investigar Hillary Clinton.