Um centro de diálise na Benedita está desde o início de junho com as máquinas ligadas e pronto a funcionar, mas por falta de uma convenção com o Serviço Nacional de Saúde (SNS) não pode tratar os doentes.

O Centro Medico de Diálise da Benedita, no concelho de Alcobaça, “está licenciado pela Entidade Reguladora da Saúde (ERS) e pronto a funcionar”, mas, contou à agência Lusa o administrador, António Henriques, “falta uma convenção com o Serviço Nacional de Saúde (SNS) para poder começar a tratar doentes com insuficiência renal”.

O Centro, inaugurado no dia 16 de junho, é um projeto do Grupo H Saúde que há dez anos identificou “a necessidade de um serviço destes na região”, com base num estudo que permitiu concluir que, “num raio de 10 quilómetros em volta da Benedita, 77 pessoas faziam hemodiálise”.

Números que levaram a administração do grupo (que detém clínicas na Benedita e em Leiria) a “desencadear o processo para abrir uma unidade de diálise” com capacidade para tratar 150 doentes com insuficiência renal.

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Em janeiro deste ano, a empresa efetuou “um pedido de convenção ao Ministério da Saúde para que a diálise seja comparticipada a 100% pelo SNS”, mas, segundo António Henriques, a mesma “foi recusada”, numa demonstração de “dualidade de critérios”.

De acordo com o administrador, “houve outras unidades do país que assinaram a convenção, mas a clínica da Benedita ficou de fora, obrigando os doentes desta zona a deslocarem-se dezenas de quilómetros para efetuarem os tratamentos em Santarém, Leiria ou nas Gaeiras [no concelho de Óbidos]”.

Com a agravante, acrescentou António Henriques, de “estes centros estarem sobrelotados” e de a deslocação dos doentes ser “bastante mais onerosa para o SNS e mais desgastante para as pessoas sujeitas ao tratamento”.

A situação deu já origem a uma petição online, subscrita até hoje por 554 pessoas defendendo a atribuição da convenção ao Centro Médico de Diálise da Benedita.

A Unidade, pode ler-se na petição, “encontra-se em plenas condições para tratar os doentes em diálise das freguesias limítrofes” onde “existem mais de 100 utentes em diálise”.

Segundo a petição, “muitos desses doentes percorrem mais de 300 quilómetros por semana, em estradas de grande movimento rodoviário, sujeitos a paragens constantes” e a percursos com uma duração não inferior a três horas [ida e regresso]”.

Atendendo à “perda de qualidade de vida e os riscos aos quais os doentes são sujeitos”, bem como aos “custos elevados em transportes suportados pelo Ministério da Saúde” os subscritores da petição consideram “incompreensível a gestão clínica por parte das Administrações Regionais da Saúde envolvidas” e reclamam a “rápida atribuição da convenção ao Centro Médico de Diálise da Benedita”.

Além da petição na internet estão a ser recolhidas assinaturas em papel “no sentido de levar esta questão a ser discutida na Assembleia da República, caso a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT) não altere a sua posição”, revelou António Henriques.