O episódio aconteceu na quinta-feira de manhã mas, por uma questão de segurança e resguardo da equipa, apenas começou a ser comentado de forma informal por alguns responsáveis do Sporting no final do empate sem golos frente ao Arsenal: durante o habitual passeio matinal da equipa para descompressão, ainda antes de almoço, os jogadores leoninos foram confrontados com palavras mais críticas por parte de um adepto que se encontrava na zona. E o tom exaltado apenas foi travado com a chegada da polícia, que através das câmaras de vigilância percebeu o que se estava a passar e enviou agentes ao local. Tudo ficou por aí mas, pouco depois, já havia quem soubesse de quem se tratava e fizesse a ligação a uma das claques.

Esse foi apenas mais um capítulo de uma relação cada vez mais tensa entre clube e Juventude Leonina, principal claque verde e branca. E que tem afetado também a própria estrutura leonina, incluindo os jogadores que antes tinham manifestado a distância do topo Sul noutros jogos da Primeira Liga. Tudo começou com uma primeira reunião onde foi explicado que algumas regalias que vinham do mandato de Bruno de Carvalho iriam terminar; a partir daí, a insatisfação foi crescendo.

Bancada da Juve Leo no topo Sul esteve cheia no jogo com o Arsenal; esta noite, nem uma tarja tinha (David Ramos/Getty Images)

Na chegada aos Açores, por exemplo, e enquanto os jogadores foram maioritariamente aplaudidos pelos presentes, Frederico Varandas foi insultado por um adepto em específico e terá sido mesmo identificado pelas autoridades após o ato. Mais tarde, esse desagrado foi entendido por ser alguém que apoiava Bruno de Carvalho, considerando-se por isso que seria uma espécie de ato isolado. Em Londres, quatro dias depois, novo episódio, esse público e presenciado por alguma comunicação social: quando o presidente verde e branco entrou na sede do Núcleo britânico, os membros ligados à Juventude Leonina, incluindo o líder Nuno Mendes, mais conhecido por Mustafá, decidiram abandonar o espaço.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

https://twitter.com/Remate_Digital/status/1060867817732521986

Esta noite, no seguimento da detenção de Mustafá no âmbito das agressões na Academia em Alcochete (tal como Bruno de Carvalho, antigo líder do clube), a Juve Leo não marcou presença nas bancadas do estádio José Alvalade e fez mesmo questão de retirar as faixas que tinham na sua zona do topo Sul, que tinham sido colocada como habitual horas antes do apito inicial. De acordo com várias fontes contactadas pelo Observador, há elementos da claque que não acreditam que toda a operação das buscas na sede, bem como o aparato de carrinhas policiais que condicionou mesmo a circulação de pessoas que tinham estado presentes no jogo da equipa de futsal frente ao Futsal Azeméis e que se deslocavam para o encontro de futebol, fosse possível sem que algum elemento do Sporting ou da organização da partida fosse pelo menos informada.

Bancada da Juventude Leonina quase vazia no Sporting-Chaves

Tal como já tinha acontecido com a Comissão de Gestão liderada por Artur Torres Pereira, Frederico Varandas acabou com algumas regalias como a ida de alguns elementos das claques nos voos charters da equipa nas deslocações à Madeira, aos Açores ou nas viagem relativas às competições europeias. Em paralelo, as claques têm agora um prazo de 72 horas para o pagamento dos bilhetes pedidos – algo que também não existia antes. “Este é o ano mais crítico da existências das claques, é um ano de tolerância zero por causa do ataque em Alcochete. Disse às claques: ‘Ajudem-me a ajudar-vos’. Fiz parte de uma claque, gosto delas mas elas têm de existir para ajudar o clube e não para prejudicar. Nisso não vou facilitar”  assumiu o presidente verde e branco no podcast de Daniel Oliveira “Perguntar Não Ofende”.

A homenagem a Luís Boa Morte que acabou por não acontecer no intervalo do Sporting-Arsenal