Santiago Solari, ex-jogador argentino que assumiu o comando técnico do Real Madrid de forma interina após o despedimento de Julen Lopetegui, deve mesmo permanecer enquanto treinador principal do clube espanhol de forma efetiva. Solari só podia exercer funções interinas durante duas semanas, período que já expirou, e de acordo com o jornal Marca o Real Madrid já terá enviado o novo contrato do treinador à Real Federação Espanhola de Futebol.

O Comité Diretivo do Real Madrid, reunido hoje, decidiu nomear Santiago Solari como treinador principal da sua equipa até 30 de junho de 2021”, informou o clube em comunicado.

O argentino de 42 anos orientou o Real Madrid durante quatro jogos (Melilla, Valladolid, Viktoria Plzen e Celta de Vigo) e conseguiu ganhar todos, alcançando o melhor arranque de um treinador merengue em 116 anos. Segundo o jornal espanhol, a direção do clube, liderada por Florentino Pérez, já tinha decidido que Solari ficaria no comando técnico de forma efetiva mesmo antes da vitória deste domingo, frente ao Celta (2-4), em jogo a contar para o campeonato espanhol. O bom momento da equipa e a evidente subida de rendimento terão sido os principais motivos que levaram Florentino Pérez a segurar Solari: o principal objetivo da direção merengue era inverter o ciclo de resultados negativos perpetuado por Julen Lopetegui e, se isso aconteceu com Santiago Solari, Florentino Pérez não vê agora justificação para contratar um novo treinador a meio da temporada.

Ainda assim, e apesar da manutenção de Santiago Solari, o interesse do Real Madrid em Antonio Conte foi real e o treinador italiano explicou agora o motivo pelo qual recusou o convite dos merengues. “Não me senti usado, em absoluto. Pelo treinador que sou, preferi e prefiro esperar por junho para encontrar um novo trabalho. Claro que nunca se sabe: em dois, três meses, volta a vontade de treinar e desminto o que acabo por dizer”, disse o ex-treinador do Chelsea e da Juventus, em entrevista à imprensa italiana.

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Antonio Conte comentou ainda as declarações de Sergio Ramos, capitão do Real Madrid, que afirmou que quando um treinador chega a um clube “não impõe respeito, ganha-o” – em alusão ao conhecido mau feitio do técnico de 49 anos. Para o italiano, “quando um treinador chega a uma equipa deve trazer educação e respeito, algo que também se espera dos jogadores. Quando isto falha, começam os problemas”.

Solari, o antigo colunista do El País que foi percebendo o futebol entre a literatura argentina e o xadrez

Santiago Solari repete o que já tinha acontecido com Zinedine Zidane: em 2016, o treinador francês – que, à semelhança de Solari, orientava a equipa B dos merengues – substituiu de forma interina o espanhol Rafa Benítez e acabou por permanecer no comando técnico do Real Madrid nas duas épocas seguintes, conquistando uma liga espanhola e duas Ligas dos Campeões.

Nascido em Rosário, Solari começou a jogar à bola nos Estados Unidos, quando estudava no Richard Stockton College, em Nova Jérsia. Quando voltou para a Argentina, passou pela formação do Newell’s Old Boys e pelo Renato Cesarini antes de fazer a estreia como sénior no River Plate, onde ganhou nos anos 90 torneios de Apertura e Clausura. Mudou-se no início de 1999 para a Europa, assinando pelo Atl. Madrid – nos primeiros seis meses, esteve discreto mas a equipa atingiu os seus objetivos; na temporada seguinte, foi um dos grandes destaques mas os colchoneros acabaram por descer de divisão. E foi aí que surgiu um inesperado convite do Real Madrid, saindo assim para o rival da capital.

Os merengues viviam o ano 1 da nova era dos Galácticos, que teve início com a surpreendente contratação de Figo ao Barcelona. E os nomes grandes continuaram a chegar, como Zidane, Ronaldo ou Beckham. Esta era a geração que um dia Florentino Pérez quis descrever como “a equipa dos Zidanes e dos Pavones”, central formado na Academia do clube que ascendeu em 2001 à formação principal. No fundo, o que o líder do clube defendia passava pela harmonia entre os artistas que tocavam piano e os operários que carregavam o piano (com todos os reflexos que a política tem a nível de folha salarial).

Santiago Solari, que chegou ainda com 23 anos ao Santiago Bernabéu, estava no meio. Não tinha a qualidade dos Zidanes mas estava uns patamares acima dos Pavones; podia não ser titular indiscutível mas era indiscutível que era o primeiro a substituir os titulares. O El Confidencial descreve-o como o sindicalista, por ser o elemento que negociava os prémios naquela altura.

Depois de sair do Real Madrid com tudo o que podia ganhar (incluindo uma Champions e dois Campeonatos), em 2005, Solari foi tricampeão italiano no Inter antes de terminar a carreira com passagens por San Lorenzo (Argentina), Atlante (México) e Peñarol (Uruguai).