A peça “Peter e Alice”, de John Logan, que se estreia na terça-feira no Teatro Experimental de Cascais (TEC), no Monte Estoril, assinala o regresso de Lia Gama ao teatro após um interregno de três anos. Esta é uma peça que Carlos Avilez “sempre quis fazer, e que foi adiando até agora”, estreando-a no dia em que a companhia que dirige completa 53 anos, disse o encenador à agência Lusa. O trabalho foi adiado por ser “uma peça complicada, que exige um grande elenco, um elenco ideal”, e que só agora Avilez conseguiu reunir, disse.
Ultrapassada a aprovação do autor, o dramaturgo norte-americano John Logan, Carlos Avilez foi então buscar Lia Gama, que não subia ao palco do TEC desde a década de 1990, e que de pronto aceitou o desafio de protagonizar a peça escrita de propósito para a atriz britânica Judi Dench.
“Uma peça muito bonita, muito difícil e muito forte” que deixa o encenador “com um prazer enorme” por fazer regressar Lia Gama ao TEC. “Uma atriz enorme, uma grande mulher e uma grande amiga”, sublinhou Carlos Avilez, sem esconder a emoção que é voltar a ter a atriz naquele palco.
“Peter e Alice” baseia-se no encontro de Alice Liddell e Peter Llewelyn Davies, de 80 e 18 anos, respetivamente, numa livraria londrina, em 1932, por ocasião da abertura de uma exposição de Lewis Carroll. A peça, diz Carlos Avilez, confronta-nos com vários problemas: o da idade, da personalidade, da vida e do amor, admitiu.
Realmente é uma relação muito forte entre uma senhora de 80 anos e um jovem de 18, acrescentou, sublinhando tratar-se de um tema “em voga” nos últimos tempos. “Põe muito em questão neste momento o problema da idade, o problema da experiência, o problema do que é o amor, e o problema que as pessoas têm em conviver com os seus próprios mitos”, frisou.
Carlos Avilez “escolheu todos os atores” para esta peça, por achar extremamente importante que “as personagens fossem interpretadas pelo ator que melhor as representasse”. Depois de ter feito “Alice no país das maravilhas” e “Peter Pan”, em que o dramaturgo norte-americano John Logan se inspirou para construir “Peter e Alice”, Carlos Avilez está também curioso para saber como o público vai reagir a esta obra, que “não é de todo fácil”.
Em cena de quarta-feira a sábado, às 21h30, e, aos domingos, às 16h00, “Peter e Alice” pode ser vista até 23 de dezembro. As interpretações são de Bruno Bernardo, João de Brito, José Condessa, Lia Gama, Luís Lobão, Madalena Almeida e Miguel Amorim. A cenografia e figurinos são de Fernando Alvarez e a coreografia de Natasha Tchitcherova.