A Liga de Apoio à Integração dos Deficientes (LARDEF) de Angola denunciou esta quinta-feira que “persistem as dificuldades” de pessoas com deficiência no acesso aos transportes públicos e privados, defendendo o cumprimento da Lei das Acessibilidades e a punição aos infratores.

A posição foi expressa quinta-feira pela coordenadora nacional de Programas da LARDEF, Idalina Bota, durante uma palestra dirigida aos funcionários da empresa pública de Transporte Coletivo Urbano de Luanda (TCUL), pedindo “respeito e inclusão” da pessoa com deficiência.

Segundo a dirigente associativa, as “dificuldades diárias” por que passam nos transportes públicos ou privados, desde táxis, autocarros, comboios a aviões, “exigem uma melhor aplicação e fiscalização” da Lei das Acessibilidade, aprovada em 2016, e sobretudo “punições”.

“É uma lei que foi aprovada, mas que, neste momento, precisa que seja divulgada, aplicada e fiscalizada. Temos de criar condições para haver punições, porque muitas vezes é mesmo a falta de boa vontade de as pessoas implementarem. Deve-se lutar para que a lei seja cumprida. Só assim vamos sentir realmente que estas leis estão a proteger-nos”, disse.

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“O Cidadão com Deficiência e o Direito à Acessibilidade nos Transportes Públicos” foi o lema desta palestra, que decorreu numa das salas de reuniões da TCUL, em Luanda, em saudação ao Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, que se comemora a 03 de dezembro.

Idalina Bota referiu que a palestra dirigida aos funcionários da transportadora, nomeadamente motoristas, cobradores e controladores do tráfego, tem igualmente como propósito alertar os utentes dos transportes e autoridades para necessidade do “fim das barreiras”.

“Infelizmente, encontramos essas barreiras, começando pelas físicas, que estão nos transportes sem acessibilidades ou nas rampas de acesso para as cadeiras de rodas. Infelizmente, o problema está no próprio transporte”, lamentou.

“Havendo esse problema, esperávamos que as pessoas tivessem, pelo menos, outro tipo de atitude e aí encontramos também a barreira ‘atitudinal’, não têm paciência, não param para ouvir e ajudar as pessoas com deficiência a entraram nos transportes”, lamentou.

A coordenadora nacional de Programas da LARDEF, instituição angolana de utilidade pública que existe há 21 anos, apontou mesmo as “peripécias” por que passa sempre que viaja de avião pelo interior do país. “Muitas vezes, no avião, deixamos de beber um copo com água com receio depois de ter necessidade de ir casa de banho e não ter como se deslocar. Outro problema é o desembarque. Muitas vezes já fui levada como uma trouxa”, explicou.

“Já fui levada de forma não adequada e, muitas vezes, somos tocadas até nas partes íntimas para que se possa facilitar o nosso desembarque”, alertou. A importância da sensibilização da sociedade sobre a atenção para com os portadores de deficiência e o regular cumprimento da Lei das Acessibilidades foi também assinalada por António Afonso, outro coordenador nacional da LARDEF.

Para o responsável, falar sobre o “Direito à Acessibilidade nos Transportes Públicos” “não é ainda para a maior parte das pessoas um tema atrativo”, mas, observou, “devia ser muito mais” para os funcionários de instituições e/ou empresas ligadas aos transpores públicos.

“Se quisermos fazer do nosso país um lugar bom para que todos, mas todos, sem discriminação, possam viver em condições de felicidade, temos de trabalhar nas nossas mentes de modo a que consigamos mudar determinadas atitudes e comportamentos que nos dividem”, alertou.