A empresa pública de Transporte Coletivo Urbano de Luanda (TCUL) admitiu esta quinta-feira a “inexistência”, nos seus meios, do dispositivo de embarque e desembarque de utentes com deficiência, considerando uma questão que “ultrapassa a sua gestão”.

Segundo o diretor de Tráfego da transportadora pública angolana, Eliseu Machado, que falava esta quinta-feira à agência Lusa à margem de uma palestra sobre “O Cidadão com Deficiência e o Direito à Acessibilidade nos Transportes Públicos”, a resolução da situação “depende do órgão de tutela”, o Ministério dos Transportes angolano.

“Como deve calcular, no passado já tínhamos autocarros com esse tipo de mecanismo. Todavia, lamentavelmente, os autocarros que possuímos não têm esse suporte que garante a acessibilidade aos passageiros deficientes, sobretudo os que estão em cadeira de rodas, com maior facilidade no embarque”, disse.

A palestra realizada numa das salas de reunião da TCUL, em Luanda, foi organizada pela Liga de Apoio à Integração dos Deficientes (LARDEF) de Angola, que se queixa de “dificuldades diárias” dos seus filiados no acesso aos transportes públicos e privados.

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A TCUL é a maior empresa de transporte de passageiros do país, transportando diariamente cerca de 70.000 passageiros e aproximadamente dois milhões de passageiros por mês.

Para Eliseu Machado, a palestra, dirigida a motoristas, cobradores e controladores de tráfego, “é oportuna e vem consciencializar” os trabalhadores da empresa pública para a “melhoria de procedimentos” na relação com os passageiros portadores de deficiência.

“Evidentemente que há muitas preocupações, mas já temos vindo a trabalhar nesse sentido, com vista a garantir toda a informação necessária aos nossos trabalhadores e aos utentes dos nossos autocarros para darmos primazia aos cidadãos que têm dificuldades de mobilidade”, adiantou.

Na ocasião, João Pedro Kingila, motorista da TCUL há 20 anos, valorizou a palestra, mas admitiu os constrangimentos nas paragens do transporte de passageiros com necessidades especiais, sobretudo no meio de enchentes.

De acordo com o motorista, de 55 anos, apesar das dificuldades diárias na circulação pelas vias da capital angolana, tudo tem feito para a devida acomodação dos utentes portadores de deficiência.

“Sai-se numa paragem, chega-se a outra e está uma enorme enchente. Por vezes encontramos pessoas com deficiência e, no momento que abrimos a porta de trás, essas pessoas são muitas vezes esquecidas”, apontou.

“Registamos às vezes certas anormalidades, mas acabo, àsvezes, por colocá-las, depois, pela porta de frente”, argumentou.