A música reggae, que foi esta quinta-feira inscrita na lista do Património Cultural Imaterial da Humanidade da UNESCO, surgiu na Jamaica no final dos anos 1960, a partir do ska e do rocksteady, e tem Bob Marley como ‘rei’.
O reggae desenvolveu-se em Kingston, reunindo influências de outros dois géneros musicais também originários da Jamaica: o ska (que surgiu no final da década de 1950) e o rocksteady (cujos primeiros registos datam de meados dos anos 1960).
A primeira canção a utilizar o termo reggae foi “Do the Reggay”, de Toots and the Maytals, gravada em 1968.
Ao longo do tempo, o reggae foi passando por várias fases e desdobrando noutros estilos como o roots reggae, o ragga, o dancehall ou o pop reggae.
Ao roots reggae (algo como o “reggae raiz”, em português) estão ligados nomes como Max Romeo, Horace Andy, Peter Tosh e Bob Marley, por muitos considerado o ‘rei’ do reggae jamaicano, cujas canções — como “Redemption Song”, “No Woman No Cry”, “Get Up Stand Up” ou “Could You Be Loved” – têm atravessado gerações e fizeram com que aquele estilo musical fosse ouvido um pouco por todo o mundo.
Além dos muitos músicos que influenciou, Bob Marley, pai de pelo menos 11 filhos, gerou seis artistas ligados ao reggae: Damian Marley, Ziggy Marley, Stephen Marley, Julian Marley, Ky-Many Marley e Sharon Marley.
Dentro do reggae cabem também o ragga (ao qual estão ligados Wayne Smith, Horace Ferguson e mais recentemente Sizzla ou Anthony B), o dub (cujo nome maior é Lee ‘Scratch’ Perry), o dancehall (praticado por músicos como Elephant Man ou Sean Paul) e o pop reggae (que teve Jimmy Cliff e Johnny Nash como pioneiros, seguidos mais tarde pelos UB40, os Inner Circle, Shaggy ou Sean Kingston).
As letras de músicas reggae abordam frequentemente questões sociais, políticas e desigualdades, e o musicólogo jamaicano Garth White estima, num vídeo divulgado pela UNESCO, que “o reggae é um condensado de vários géneros jamaicanos, remontando aos tempos da escravatura”.
O reggae está ligado ao movimento Rastafari, também considerado uma religião, que tem no antigo imperador etíope Haile Selassie o seu deus. Em todo o mundo, cerca de um milhão de pessoas têm o Rastafari, movimento que se espalhou pelo mundo com o sucesso de Bob Marley na década de 1970, como fé.
Ao inscrever o reggae na lista do Património Cultural Imaterial da Humanidade, a UNESCO destacou “a contribuição” desta música para a consciência internacional “sobre questões de injustiça, resistência, amor e humanidade”, de acordo com um comunicado esta quinta-feira divulgado.
Considera a UNESCO que o reggae “preserva toda uma série de funções sociais básicas da música – sujeita a opiniões sociais, práticas catárticas e tradições religiosas – e continua a ser um meio de expressão cultural para a população jamaicana como um todo”.
A organização da ONU lembrou que aquele género musical surgiu de um “amálgama de antigos ritmos musicais jamaicanos e outros de origens muito diferentes: Caraíbas, América Latina e América do Norte”.
Em todos os níveis do sistema educacional do país, “o ensino desta música está presente, de creches a universidades”, refere ainda a UNESCO.