Havia uma espécie de regra que se instalara nos últimos dois meses em relação ao rendimento do Real Madrid e de Cristiano Ronaldo quando jogavam no mesmo dia, naquela que é uma comparação do incomparável mas que de forma indireta também pode explicar parte do que se passa no Bernabéu: quando os merengues perderam frente ao Alavés para a Liga por 1-0 mesmo nos descontos, o português marcou no triunfo da Juventus frente à Udinese; duas semanas depois, o Levante foi ganhar à capital espanhola por 2-1 e o capitão da Seleção fez o gosto ao pé diante do Génova; com o Eibar, mais do mesmo com os campeões europeus a saírem derrotados por 3-0 e CR7 a deixar marca com a Spal. Esta noite foi diferente, para mal de ambos – se o Real sofreu a maior derrota caseira de sempre na Champions, Ronaldo teve o jogo mais desastrado pela Juventus.

O conjunto agora comandado por Santiago Solari, que já tinha garantido o primeiro lugar no grupo depois da vitória em Roma, fez algumas alterações na equipa mas recuou aos piores tempos de Julen Lopetegui: poucas ideias na frente, inúmeros erros defensivos, golos atrás de golos sofridos, muitos assobios das bancadas. O CSKA Moscovo, que acabou por ficar fora da Europa na mesma face ao triunfo do Viktoria Plzen, foi a Madrid ganhar por 3-0, naquela que foi a derrota mais pesada de sempre sofrida pelo Real em casa na fase de grupos da Liga dos Campeões. Ao todo, os merengues já não perdiam no Santiago Bernabéu na fase de grupos da Liga dos Campeões desde 2009, curiosamente o ano de estreia de Ronaldo no clube.

Depois, entrava em campo a Juventus, sem prescindir de Ronaldo como tinha sido anunciado por Massimiliano Allegri mesmo tendo já a qualificação garantida e jogando num campo sintético. No entanto, este acabou por ser o seu encontro mais desastrado desde que chegou a Turim, acabando dessa forma a fase de grupos da Champions com apenas um golo marcado.

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Logo aos 11′, na sequência de um passe de Douglas Costa para o corredor central, o número 7 adiantou demasiado a bola, não conseguiu superar o guarda-redes Wölfli e, na recarga, viu o remate ser travado por Camara quase em cima da linha; pouco depois, lançado descaído na direita, Ronaldo entrou na área, atirou cruzado mas o remate saiu ao lado; aos 25′, após um grande cruzamento de Alex Sandro (que tinha rendido Cuadrado, que saiu lesionado), o português tentou dar o toque final quando já estava ligeiramente adiantado em relação à trajetória do passe e acabou por fazer uma rosca na bola. Hoarau, de penálti, adiantou os suíços à meia hora e a Juventus sairia mesmo para o intervalo em desvantagem, depois de mais uma tentativa do capitão da Seleção no seguimento de um livre de Bernardeschi que saiu a rasar o poste (42′).

A segunda parte arrancou com uma bola na trave, num livre lateral desviado por Alex Sandro que bateu ainda em Hoarau antes de assustar Wölfli, mas o avançado suíço voltaria a estar em destaque na baliza contrária, terminando da melhor forma mais uma saída rápida quando a Juventus estava mais exposta com um remate colocado de fora da área (68′). Já com Dybala em campo, a Vecchia Signora ganhou outra chama e seria mesmo o argentino a reduzir para 2-1 com um remate de fora da área depois de uma assistência de Ronaldo (80′) antes de mais dois lances que provaram a noite para esquecer do avançado contratado ao Real Madrid: a três minutos do fim, CR7 apareceu bem ao segundo poste mas acertou de cabeça no poste; já nos descontos, acabou por anular de forma inadvertida o empate a Dybala por ter tentado jogar a bola numa zona de ação que o árbitro considerou ter perturbado a ação do guarda-redes do Young Boys, apagando aquele que teria sido o golo da noite.

Nos outros encontros da noite, destaque para o empate (1-1) arrancado a ferros pelo Lyon de Anthony Lopes na Ucrânia frente ao Shakhtar, que frustrou a possibilidade do técnico Paulo Fonseca poder fazer história pelo clube alcançando pela primeira vez duas qualificações consecutivas para os oitavos da Champions. Também o outro treinador português em ação, José Mourinho, viu o seu Manchester United ser derrotado em Valencia por 2-1, terminando assim atrás da Juventus.

Por fim, e no melhor encontro da noite, Ajax e Bayern empataram a três num jogo que teve duas reviravoltas pelo meio e quatro golos nos últimos 15 minutos, incluindo os sete de descontos que serviram para Tagliafico anular aquela que poderia ter sido uma noite de sonho para o francês Coman, que admitiu esta semana terminar a carreira caso voltasse a ter de ser operado ao problema no tornozelo. Antes, Lewandowski e Tadic, grandes referências ofensivas das equipas, tinham bisado.

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