A capital federal dos Estados Unidos, Washigton D.C., processou o Facebook por ter permitido à Cambridge Analytica aceder indevidamente aos dados de 87 milhões de utilizadores da rede social. O procurador-geral distrital Karl Racine afirmou, em comunicado, que a empresa liderada por Mark Zuckerberg “falhou na proteção da privacidade dos seus utilizadores” e que “os enganou relativamente a quem tinha acesso aos seus dados e como eram usados”, cita o The Guardian.

Em março deste ano, o The Guardian e o The New York Times revelaram que a empresa de análise de dados britânica Cambridge Analytica tinha usado indevidamente os dados pessoais de 50 milhões de utilizadores do Facebook (soube-se mais tarde que eram 87 milhões) para ajudar a eleger Donald Trump nas legislativas de 2016. Os utilizadores participaram num teste de personalidade que acreditavam ter por objetivo uma investigação académica e esses dados foram posteriormente vendidos à empresa, sem o seu consentimento.

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“O Facebook colocou os utilizadores em risco de serem manipulados, ao permitir que empresas como a Cambridge Analytica e outras apps recolhessem dados pessoas sem a permissão dos próprios”, sublinha Karl Racine.

O processo judicial é conhecido um dia depois de o New York Times ter revelado que o Facebook deu acesso privilegiado a dados a mais empresas: o Spotify e a Netflix tiveram acesso às conversas do Messenger, por exemplo, o serviço de “mensagens privadas” da rede social. Segundo a investigação, estas empresas podiam até ler ou apagar mensagens enviadas e recebidas. Mark Zuckerberg confirmou que isto aconteceu, mas também disse que foi tudo feito com o consentimento dos utilizadores.

Facebook deu acesso às mensagens do Messenger à Netflix e à Spotify

De acordo com o procurador-geral do distrito de Columbia, isto expôs os dados de perto de metade dos residentes do distrito a manipulação com objetivos políticos, durante as legislativas de 2016. O Facebook ainda não comentou o processo judicial, mas sobre a investigação do New York Times disse que está “a rever” todos os acesso concedidos em 2014.

Ao Observador, a Netflix disse que apenas teve este acesso por ter tentado implementar no serviço de subscrição de séries e filmes a possibilidade de recomendar conteúdos no Facebook e no Messenger, em 2014. Como a funcionalidade “nunca foi muito popular”, foi descontinuada em 2015. A empresa afirmou ainda: “Em nenhum momento acedemos às mensagens privadas das pessoas no Facebook, nem pedimos permissão para tal”.