O presidente da República reuniu esta terça-feira com os Motoristas do Asfalto, na zona da Mealhada. O encontro esteve agendado para setembro, mas acabou por realizar-se três dias antes das manifestações do movimento “coletes amarelos”, marcado para esta sexta-feira em Portugal.
A viagem com um camionista ficou registada num vídeo divulgado pela Presidência.
O chefe de Estado espera que as manifestações com o mote “Vamos parar Portugal” desta sexta-feira sejam “pacíficas” e relembra que os cidadãos podem também mostrar “o seu agrado ou desagrado em relação às instituições e aos partidos políticos” nas próximas eleições legislativas, que acontecerão já no próximo ano, citam o Público e o Diário de Notícias.
Durante o encontro com os camionistas, Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou, em declarações ao jornal Público, que “a situação em Portugal é diferente da situação em França”, já que França “teve sempre revoluções sangrentas” e deu o exemplo da Revolução dos Cravos em Portugal, que ditou o fim da ditadura no país.
Um almoço e um passeio de camião foi a forma encontrada pelo presidente da República para apaziguar os ânimos e conter possíveis desacatos que surjam nas manifestações desta sexta-feira. Há cerca de um mês que a classe de trabalhadores camionistas portugueses ameaçava replicar o movimento em Portugal, caso o Governo não desse uma resposta positiva às suas reivindicações.
Ao Diário de Notícias, fonte da presidência admitiu que “a marcação do encontro para esta altura não foi inocente” e garantiu que tanto o Presidente da República, bem como o staff, saíram com a sensação de que o grupo de Camionistas do Asfalto não iriam aderir aos protestos nem acreditam que as manifestações se possam tornar violentas.
Se o gesto do chefe de Estado foi visto com bons olhos por algumas pessoas nas redes sociais, por outro lado Fernando Frazão, o líder dos Motoristas do Asfalto, foi bastante criticado na página de Facebook do grupo. Alguns camionistas consideraram que não deveria haver encontros deste género nesta altura. Fernando Frazão respondeu apenas que “foi um dia em grande” para a associação. E acrescentou que durante o encontro focou-se nos “pontos negros da profissão”, como a alteração da idade de reforma, que querem que seja antes dos 65 anos.
Sobre as críticas apontadas tentou desvalorizar e questionado pelo jornal Expresso sobre se participaria ou não na manifestação desta sexta-feira foi vago ao dizer que não está “inclinado” a participar, mas não descartou essa hipótese. “Mas isso não quer dizer que não o apoie”. “Há muita gente disposta a participar. Não posso travar ninguém de ir”, rematou ao semanário.
Em Portugal há cerca de cinco mil condutores de camiões TIR a operar em Portugal, sendo que apenas 500 pertencem aos Motoristas do Asfalto. O executivo teme que a manifestação seja infiltrada por movimentos extremistas e preparou junto da PSP um forte dispositivo policial com cerca de 20 mil agentes em estado de alerta.