Marcelo Rebelo de Sousa vetou o diploma dos professores enviado pelo Governo por querer “mais criatividade”, disse ao Expresso. Mas Mário Nogueira, secretário-geral da Fenprof, não entende o pedido do Presidente da República e diz que o sindicato não vai abrir mão do calendário fechado que Marcelo rejeitou: “Tem de ficar claro que há um calendário fechado. Essa é uma questão que irá ser depois negociada. Aqui não é a questão de ser aceitável para a FENPROF ou para outra organização: é para os professores. E os professores em Portugal continental têm que ser tão respeitados como no resto do país”, disse Mário Nogueira, citado na TSF.
Mário Nogueira refere-se ao facto de os nove anos, quatro meses e dois dias de carreiras congeladas aos professores já terem sido devolvidos aos docentes tanto no arquipélago da Madeira como no dos Açores, mas não no continente:
“Nós não temos três países, temos um país e, portanto, independentemente da criatividade que possa existir na forma de recuperar o tempo em cada uma das regiões, há uma coisa que não carece de qualquer tipo de criatividade, porque ela é muito objetiva. Nove anos, quatro meses e dois dias foi tempo trabalhado pelos professores e que tem que ser contado como é para os outros”.
O Governo admite que vai reler o diploma vetado por Marcelo na tentativa de limar as arestas apontadas pelo Presidente, mas também já fez saber que pode deixá-lo intacto. Para Mário Nogueira isso seria uma afronta a Belém, mas não causaria estranheza: “O Governo afrontou já os professores, afrontou as assembleias, os parlamentos regionais da Madeira e dos Açores, afrontou a Assembleia da República. Porque é que não há de afrontar o senhor Presidente da República? Acredito que possa querer fazê-lo, mas seria, de facto, um isolamento completo desse Governo”.
Num comunicado publicado esta sexta-feira na página da Fenprof, o sindicato avisou que os professores se vão concentrar na residência oficial do primeiro-ministro, António Costa, na quinta-feira (3 de janeiro) para ” manifestar disponibilidade para, no curtíssimo prazo, se iniciar a negociação, do modo e do prazo de recuperar os 9 anos, 4 meses e 2 dias em que as carreiras estiveram congeladas”. Nesse mesmo dia, “as organizações sindicais divulgarão publicamente o texto do abaixo-assinado que irá circular em todas as escolas, através do qual os professores reafirmarão as suas posições nesta matéria e a sua disponibilidade para continuar a lutar por aquilo que é seu: o tempo de serviço que cumpriram”.