Durante a primeira parte, e com casa quase cheia no Algarve para assistir ao encontro frente ao Portimonense, os adeptos do Benfica foram sempre apoiando a equipa, até mesmo depois da infelicidade de Rúben Dias que inaugurou o marcador. Depois do 2-0 houve mais silêncio, o intervalo chegou já com alguns assobios mas a reentrada com aparente melhoria pareceu voltar a fazer acreditar os muitos setores de bancada onde estavam os encarnados. Não se confirmou, a equipa voltou mesmo a perder nove jogos depois, caiu à condição para o terceiro lugar (que pode ser quarto) e corre o risco de ficar a sete pontos do topo.

A goleada de um Jackson a sofrer contra a equipa em sofrimento (a crónica do Portimonense-Benfica)

Os assobios e lenços brancos que marcaram o final de alguns jogos antes da goleada sofrida em Munique que colocou Rui Vitória em xeque (ou mesmo fora da Luz, antes de Luís Filipe Vieira ter assumido a decisão de continuidade durante a madrugada), como a derrota no Jamor com o Belenenses, o desaire na receção ao Moreirense ou o empate caseiro com o Ajax, voltaram a repetir-se mas houve um incidente mais grave pouco depois do final do encontro, quando alguns adeptos atearam fogo a cadeiras num setor onde estava concentrada um das claques, obrigando à rápida intervenção dos bombeiros.

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Contas feitas, e apesar das melhorias – nos resultados, entenda-se – nos últimos encontros, a derrota em Portimão (primeira de sempre, em 41 jogos frente aos alvinegros) fez com que o Benfica tenha a pior classificação à 15.ª jornada dos últimos dez anos, quando o espanhol Quique Flores estava no comando do clube, com 66,6% de vitórias nos encontros disputados.

“Foi um jogo atípico, não me lembro de ver dois autogolos do Benfica. Isso acaba por ser atípico. A equipa vem cheia de vontade, mas sofre um golo e outro e isso condiciona a sua forma de estar. Não estivemos bem e há que assumir isso. Contestação dos adeptos? É percetível, pois o futebol são emoções. As pessoas não estão para raciocinar, as emoções falam mais alto. É compreensível e percebemos perfeitamente”, comentou Rui Vitória na flash interview após o encontro. “Sou o responsável por tudo o que se passa aqui”, acrescentaria mais tarde, quando passou pela sala de conferências de imprensa.

“Pouco mais há a dizer, em alta competição estes erros pagam-se caro. Sofrer os dois golos como sofremos… Isto paga-se caro. Acabámos por cometer dois deslizes quando o Portimonense nem tinha ido à nossa baliza, depois faltou-nos profundidade. Demos de avanço e quando isso acontece nestes jogos paga-se caro. Fomos à procura de mais, mas com a expulsão do Jonas acabámos limitados. Há que assumir que não foi um jogo bem conseguido e há que melhorar, ter a noção que não foi bom e que em alta competição a concentração tem de ser máxima”, salientou ainda nesse primeiro momento. Em conferência, abordou de outra forma o cartão vermelho ao brasileiro: “O que acho da expulsão? Pelo que tenho visto, devia haver muitas expulsões por esses campos fora… Mas é momento de olhar para dentro”.

“Acho que não entrámos muito bem no jogo, faltou um pouco de profundidade à equipa e tivemos azar com dois autogolos. Também não temos de olhar tanto para isso mas sim para os pequenos erros que temos vindo a ter ao longo da época. Os adeptos querem ganhar como nós, mas se queremos ganhar temos de estar todos juntos. Peço desculpa porque todos queremos a vitória mas temos de acreditar. Acredito muito nos meus companheiros e nesta equipa, e esperamos voltar já no próximo jogo às vitórias e grandes exibições que já fizemos”, referiu Salvio, que renovou esta semana contrato até 2022.