O partido de extrema-direita espanhol Vox só vai apoiar o Partido Popular (PP) e o Ciudadanos na formação do governo regional da Andaluzia caso os dois partidos de direita eliminem do programa de governo uma medida de apoio orçamental para financiar a luta contra a violência doméstica.
O Vox, liderado por Santiago Abascal, elegeu 12 deputados nas eleições regionais da Andaluzia no início de dezembro, tendo garantido entrada pela primeira vez da extrema-direita no Parlamento andaluz.
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O partido socialista (PSOE) ficou na frente, mas apenas elegeu 33 deputados num total de 109, registando o pior resultado de sempre naquela comunidade autónoma. Já o PP elegeu 26 e o Ciudadanos 21. Com os 12 do Vox, a direita contabiliza 59, mais quatro do que os necessários para a maioria que permitirá formar governo.
Porém, o partido de extrema-direita não concorda com alguns dos pontos incluídos pelo PP e pelo Ciudadanos no acordo de governo e ameaça não apoiar a formação do governo liderado por Juan Manuel Moreno no Parlamento. Um desses pontos é precisamente o apoio ao financiamento da luta contra a violência de género.
“Esses pactos que os assinem com o PSOE e o Podemos. Em política social, todos seguem, com submissão, os mandamentos da ditadura de género”, escreveu Francisco Serrano, deputado do Vox no parlamento andaluz, no Twitter. “O Vox não aceitará os acordos assinados pelo PP e pelo Ciudadanos para impulsionar leis de género na Andaluzia”, acrescentou.
Que no se manipule más. Nadie condena más que Vox las agresiones a mujeres. VOX nunca va a pedir que acaben las ayudas a mujeres maltratadas. Lo que pedimos es que las ayudas lleguen a todas las personas que sufren violencia en el ámbito familiar, sin discriminación alguna.
— Francisco Serrano (@FSerranoCastro) January 2, 2019
Serrano continuou noutro tweet: “Que não se manipule mais. Ninguém mais do que o Vox condena as agressões às mulheres. O Vox nunca vai pedir que acabem as ajudas às mulheres maltratadas. O que pedimos é que as ajudas cheguem a todas as pessoas que sofrem violência no âmbito familiar, sem qualquer discriminação.”
“O que pedimos é que não haja preconceitos, se respeite a presunção de inocência, a independência judicial e que se acabem as subvenções milionárias a associações que fomentam o feminismo supremacista e as imposições ideológicas da esquerda”, acrescentou o deputado do Vox.
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Segundo excertos citados pelo jornal espanhol El País, o documento assinado pelo PP e pelo Ciudadanos determina que se “implemente, com uma dotação orçamental suficiente, todas e cada uma das medidas previstas na lei de julho de 2018 pela qual se modifica a lei de medidas de prevenção e proteção integral contra a violência de género, a fim de acabar com este flagelo social”.
Para já, os dois partidos de direita que compõem a coligação para a formação de governo — para a qual o apoio do Vox é fundamental — garantem que não cedem no que toca à proteção das mulheres. “Temos um acordo com o Ciudadanos que se pode enriquecer e melhorar, mas apenas enriquecer e melhorar, nunca voltaremos atrás”, afirmou uma fonte do PP citada pelo El País.
Luchar contra la violencia machista con recursos y medidas para que nadie abuse de una mujer no es una opción, es una obligación para todos. Firmamos el pacto de Estado y lo aplicaremos en Andalucía y en todas las CCAA que gobernemos. La libertad y la igualdad no se negocian.
— Albert Rivera (@Albert_Rivera) January 2, 2019
Já o líder do Ciudadanos, Albert Rivera, garantiu numa mensagem publicada no Twitter que “lutar contra a violência machista com recursos e medidas para ninguém abuse de uma mulher não é uma opção, é uma obrigação para todos”. “Assinámos o acordo de Estado e vamos aplicá-lo na Andaluzia e em todas as comunidades autonómicas que governemos. A liberdade e a igualdade não se negoceiam”, acrescentou.