O Governo de Espanha vai pedir a autorização do Vaticano para poder exumar os restos mortais de Francisco Franco da basílica do Vale dos Caídos. Esta é a maneira encontrada pelo executivo de Pedro Sánchez para contornar a decisão do pároco local, que supervisiona aquela basílica e não quer permitir que dali se retirem os ossos do ditador sem o consentimento prévio da sua família.

O Governo de Pedro Sánchez garante que tem a promessa do Vaticano e do arcebispo de Madrid, Carlos Osoro, de que não se vão opor à exumação. Ambas as autoridades referiram que não se vão opor a qualquer mandado judicial que determine a remoção dos restos mortais de Francisco Franco da basílica do Vale dos Caídos — embora refiram, também, que seria ideal o governo chegar a um acordo com a família do ditador.

A notícia é avançada pelo El País, que descreve uma situação de guerra aberta entre o executivo espanhol — que tinha prometido a exumação de Francisco Franco  e apresentou a estimativa de que o faria até ao final de 2018 — e o prior Santiago Cantera. De acordo com aquele jornal, o executivo enviou um pedido a 11 de dezembro onde pedia oficialmente a autorização para entrar na basílica e proceder à exumação de Francisco Franco. A carta, com a resposta negativa, foi enviada a 26 de dezembro e noticiada esta quinta-feira, 3 de janeiro.

Ao El País, o Governo espanhol lembrou o passado político do prior Santiago Cantera, referindo que este foi candidato às eleições gerais de 1993 e às eleições europeias do ano seguinte pelo partido da Falange Espanhola Independente, movimento político que remete para as tropas que combateram ao lado de Francisco Franco na guerra civil.

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Segundo fontes do Governo disseram àquele jornal, a recusa de Santiago Cantera de permitir a exumação do ditador “evidentemente levará a a que a opinião pública possa considerar que a igreja espanhola aprova no seu conjunto a recusa deste antigo candidato falangista, hoje superior dos monges beneditinos do Vale dos Caídos e, com ela, a recusa da própria família Franco”.

A família de Francisco Franco tem recusado a exumação do seu familiar desde que o Governo de Pedro Sánchez iniciou este processo, que foi aprovado em votação do Congresso dos Deputados. Dessa forma, os familiares do ditador já prometeram que vão contestar esta decisão na justiça, podendo recorrer até ao Tribunal Supremo.

Caso a exumação ainda assim prossiga, plano B da família de Francisco Franco será o de depositar os restos mortais do ditador num jazigo na catedral de La Almudena, no centro de Madrid. O Governo de de Pedro Sánchez vetou essa possibilidade, alegando que, por aquele local se tratar de um lugar sagrado, não seria possível a polícia intervir no caso de confrontos entre opositores e defensores de Francisco Franco, tal como de proteger o local de eventuais ameaças, como um atentado terrorista.

A campa de Franco não é um assunto morto, nem enterrado. E está a dividir Espanha