Joana Marques Vidal não quer entrar na vida política. Convidada para participar numa sessão das conferências “30 pessoas, 1 país”, a ex-procuradora-geral da República revelou que se posiciona à esquerda em termos ideológicos, defendeu a existência de quotas para as mulheres conseguirem aceder a lugares de chefia mas deixou claro que “os magistrados não devem desempenhar funções políticas”.

Em interação com o público que assitiu à conferência, Marques Vidal recordou ainda aquele que foi porventura o momento de maior tensão do seu mandato de líder do Ministério Público entre 2012 e 2018: a prisão do ex-primeiro-ministro José Sócrates. O episódio concreto revisitado prende-se com uma reunião pedida por Amadeu Guerra, então diretor do Departamento Central de Investigação e Ação Penal, para informá-la antecipadamente de que o procurador Rosário Teixeira, titular dos autos da Operação Marquês, iria promover a detenção de José Sócrates.

“Perguntei-lhes qual era a certeza e o grau de um determinado tipo de indícios”, afirmou Marques Vidal, explicando de seguida que “estamos  a falar de indícios de factos que têm de ser seguros e suficientemente fortes para a detenção”. Os magistrados explicaram que os indícios eram sólidos, o que deixou Joana Marques Vidal segura de que existia fundamentação para a detenção.

José Sócrates foi detido às 22h30 do dia 21 de novembro no Aeroporto da Portela, depois de uma viagem com origem em Paris. Após promoção do procurador Rosário Teixeira, o juiz Carlos Alexandre ordenou a prisão preventiva do ex-primeiro-ministro no dia 24 de novembro de 2014, tendo José Sócrates sido preso durante 10 meses no Estabelecimento Prisional de Évora. Sócrates foi formalmente acusado de três crimes de corrupção passiva, de 16 crimes de branqueamento de capitais, de nove crimes de falsificação de documento e três crimes de fraude fiscal qualificada no dia 11 de outubro de 2017.

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