O presidente do Novo Banco considera, numa carta aos trabalhadores, que o banco continua a debater-se com problemas decorrentes do legado do BES, mas que esses são menores depois das medidas levadas a cabo em 2018.

Segundo António Ramalho, em 2018, os “três principais problemas” do legado do banco foram tratados, com redução do crédito malparado (NPL — ‘non performing loans’, no termo técnico em inglês) para menos de “três mil milhões de euros líquidos de NPL”, depois da venda de créditos vencidos no final do ano passado, a venda de imóveis no terceiro trimestre de 2018, avaliada em mais de 700 milhões de euros, e a normalização do custo do financiamento.

Segundo gestor, após este trabalho, apesar dos problemas persistirem, esses são “em menor dimensão” e a “sua solução ficou traçada e provada”.

António Ramalho admite que tal tem impactos nos rácios de capital do Novo Banco, ainda para mais quando as exigências de capital do Banco Central Europeu (BCE) não desceram tanto quanto se esperava.

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Contudo, diz, o trabalho feito permitirá “ao Novo Banco mais do que duplicar o resultado operacional comercial (‘core banking income’) entre 2017 e 2019”.

O ano de 2018 ficou ainda marcado, no Novo Banco, pela venda ou fecho de várias operações, bancos em Cabo Verde, Venezuela ou BES Vénétie, e pela redução de custos, desde logo com saída de trabalhadores.

Contudo, ainda não se conhecem quantos funcionários saíram do Novo Banco em 2018.

António Ramalho, presidente executivo do Novo Banco, termina a carta aos trabalhadores a dizer que no ano de 2019 será concluída “a fase de resolução dos maiores problemas do passado” e serão definidas as linhas estratégicas do futuro da instituição.

O Novo Banco, criado no verão de 2014 para ficar com parte da atividade bancária do BES (resgatado em 3 de agosto de 2014), é detido pelo fundo norte-americano Lone Star em 85% e em 25% pelo Fundo de Resolução bancário, gerido pelo Banco de Portugal.

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A gestão tem dito por várias vezes que os seus resultados são penalizados pelo legado com que ficou do BES.

O Novo Banco registou um prejuízo de 419,6 milhões de euros até setembro passado, que compara com os 419,2 milhões de euros do mesmo período de 2017.

Apesar de ser maioritariamente detido por privados desde 2017, o Novo Banco tem beneficiado de injeções de capital do Fundo de Resolução, através de empréstimos do Tesouro público, que devem voltar a acontecer em 2019.