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O clássico que se pode explicar com os fenómenos atípicos fora dele (a crónica do Sporting-FC Porto)

Este artigo tem mais de 5 anos

O melhor ataque não marcou à equipa que defendia mal, a equipa com vocação ofensiva chocou contra a muralha contrária: Sporting e FC Porto não saíram do nulo no regresso das tardes de futebol.

A imagem de um dos lances capitais do clássico: a defesa de Renan à melhor oportunidade do FC Porto por Soares
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A imagem de um dos lances capitais do clássico: a defesa de Renan à melhor oportunidade do FC Porto por Soares

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

A imagem de um dos lances capitais do clássico: a defesa de Renan à melhor oportunidade do FC Porto por Soares

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Já se esperava que fosse complicado encontrar um clássico com as características do que aconteceu este sábado em Alvalade entre Sporting e FC Porto. Logo à partida, porque nunca se tinham defrontado à tarde desde que o recinto foi inaugurado, em 2003. A seguir, e num indicador que passou um pouco ao lado da maioria, porque as relações entre clubes estão de tal forma serenas que houve mesmo uma redução do dispositivo policial. Depois, porque as pessoas foram confraternizando de óculos escuros junto dos principais pontos de convívio trocando o café pela imperial a seguir ao almoço como há muito não faziam. Estava frio, estava sol, estava como há tanto se reivindicava aqui e ali: com o fenómeno futebol a ter outro brilho com a luz natural.

Empate a zero no clássico favorece FC Porto no Campeonato e mantém Sporting no quarto lugar

Mas houve mais fenómenos atípicos, que podem ou não estar relacionados com a hora do jogo. Por exemplo, a forma como os adeptos verde e brancos voltaram a tropeçar nos problemas estruturais de um estádio onde cerca de 45.000 espetadores têm três portas para entrar porque uma fica reservada para o acesso em segurança dos visitantes, o que motivou enormes filas e atrasos na chegada ao interior do recinto. Ou a volta enorme (por engano?) que o autocarro do FC Porto foi dar depois de sair do hotel Altis e até chegar a Alvalade, o que motivaria mais tarde um atraso de quase nove minutos no apito inicial de Hugo Miguel. Agarrando nesses exemplos, acabam por servir de analogia para explicar um nulo que não agrada a ninguém.

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Ficha de jogo

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Sporting-FC Porto, 0-0

17.ª jornada da Primeira Liga

Estádio José Alvalade, em Lisboa

Árbitro: Hugo Miguel (AF Lisboa)

Sporting: Renan Ribeiro; Bruno Gaspar (Ristovski, 47′), Coates, Mathieu, Jefferson; Gudelj, Wendel (Petrovic, 90′), Bruno Fernandes; Diaby (Raphinha, 81′), Nani e Bas Dost

Suplentes não utilizados: Salin, André Pinto, Jovane Cabral e Luiz Phellype

Treinador: Marcel Keizer

FC Porto: Casillas; Maxi Pereira (Óliver Torres, 43′), Felipe, Éder Militão, Alex Telles; Danilo Pereira (Hernâni, 83′), Herrera; Corona, Brahimi; Marega e Soares (Fernando Andrade, 75′)

Suplentes não utilizados: Vaná, Mbemba, Pepe e Adrián López

Treinador: Sérgio Conceição

Ação disciplinar: cartão amarelo a Herrera (11′), Jefferson (16′), Bruno Fernandes (33′), Felipe (39′), Coates (85′), Raphinha (87′), Marega (89′) e Fernando Andrade (90+4′)

O Sporting, uma equipa tendencialmente ofensiva que ganhou com Marcel Keizer o ADN da escola cruyffiana de futebol, andou sempre mais preocupado com o combate aos pontos fortes do adversário do que propriamente na exploração das suas próprias virtudes. Em determinados momentos, chegou mesmo a contrariar os seus princípios de jogo, abdicando das zonas de pressão após a perda para recuperação em três a cinco segundos e afundando a sua linha defensiva para retirar a profundidade que o FC Porto tanto gosta. E foi esse recuar excessivo em campo para provar que também sabe defender que lhe reservou apenas três entradas para ameaçar a baliza de Casillas: os remates de meia distância; as movimentações de Diaby de fora para dentro (que quase nunca resultaram); e os cruzamentos para Bas Dost. Bem menos do que é normal e todas sem sucesso.

Já o FC Porto, que estrategicamente chegava a Alvalade um pouco a ver o que jogo dava até começar a abrir o leque nas transições no decorrer da segunda parte à procura da estocada final, chegou a sentir-se desconfortável com esse domínio concedido pelos leões por nunca ter encontrado um plano B que substituísse uma ideia original para a qual o adversário tinha sido montado. Por questões físicas, Maxi Pereira deu lugar a Óliver Torres ainda antes do intervalo e o Sporting ainda demorou a acertar de novo posicionamentos à nova forma de jogar (pelo meio, Soares e Marega tiveram as grandes oportunidades); depois, quando tudo ficou mais a jeito do que os dragões gostam, falhou o passe decisivo e passou ao lado do que tinha demorado tanto tempo a encontrar. Foram quase 45 minutos de atraso que no final acabaram por ter o seu peso no nulo.

A forma como Hugo Miguel abordou o encontro não ajudou propriamente a que fosse o melhor início a nível futebolístico. Não que tenha cometido erros ou que seja obrigado a ter uma arbitragem mais à inglesa do “deixa jogar” mas as contas eram fáceis de fazer: 14 faltas em 26 minutos dava a média de uma falta em menos de dois minutos. Para equipas que, mesmo com abordagens diferentes ao jogo, necessitam de bola corrida para começarem a carburar, a sinfonia do apito não permitiu uma outra música que conseguisse fugir ao encaixe tático a meio-campo, com as zonas de pressão a ganharem sempre à organização ofensiva. Mais uns minutos e chegávamos à meia hora, sem uma única defesa dos guarda-redes. E por aí se foi andando, com os lances de maior perigo resumidos a cortes mais apertados dos defesas ou tentativas perigosas que bateram num adversário.

[Clique nas imagens para ver os melhores momentos do Sporting-FC Porto em vídeo]

No final, duas novidades. Uma forçada, outra que surgiu quase à força. Maxi Pereira sentiu uma dor na coxa, caiu no relvado e pediu alteração para algo que seria mais do que uma mera substituição: Sérgio Conceição voltou àquele plano B de Jesús Corona como lateral, reforçando o corredor central com a entrada de Óliver Torres e um posicionamento diferente de Marega, a surgir mais de fora para dentro do que de dentro para fora como estava a acontecer em alternância com Herrera como falso ala; quase a acabar, na única tentativa enquadrada com a baliza, Bas Dost foi-se deixando ficar e rematou na passada após incursão de Jefferson pela esquerda (e com Corona um pouco às aranhas) para defesa fácil de Iker Casillas.

Sporting e FC Porto andavam em campo como dois siameses com tanta vontade de ganhar como de não perder. Se Felipe e Éder Militão estavam impecáveis na defesa (sobretudo o Xerife, a dominar no chão e pelo ar), Coates e Mathieu em nada ficavam atrás. Se Herrera estava bem posicionado mas sem conseguir desequilibrar nas ações ofensivas, o jogo de Bruno Fernandes era quase uma fotocópia. E podíamos continuar neste jogo de pares, que conheceu mais um capítulo quando Bruno Gaspar, regressado do balneário, ainda fez um ou dois piques mas deu sinal de que não conseguiria continuar e houve também no Sporting alteração forçada no lado direito da defesa, neste caso com uma troca por troca com Ristovski.

No entanto, aquela mudança de chip de Sérgio Conceição pouco antes do intervalo traria alguns frutos, que mais não seja para agitar um encontro que andou sempre demasiado acomodado. O FC Porto perdeu um jogador, porque Corona nunca mais esteve em campo como no início quando Maxi era lateral, mas recuperou a equipa, que agarrou nas operações, conseguiu ter um maior ascendente na posse (61% nos 15 minutos iniciais) e criou duas grandes oportunidades: primeiro foi Renan Ribeiro a evitar com uma intervenção difícil o remate à queima de Soares (56′); depois foi Marega a rematar forte mas ligeiramente por cima (60′). O Sporting acusava o toque pela subida de linhas dos dragões e o máximo que conseguiu foi mesmo testar pela primeira vez Iker Casillas, numa iniciativa individual de Bruno Fernandes concluída com um remate de fora da área (62′).

Éder Militão ainda teve um corte muito arriscado a cerca de 20 minutos do final, após um cruzamento de Nani na esquerda que quase se transformava num autogolo do central brasileiro. Mas o jogo estava então a ser marcado por um lance que nada tinha a ver com jogadas ofensivas ou oportunidades – quando Danilo se lesionou numa disputa de bola. O médio foi tentando aguentar até ao final mas acabou por desistir, num período onde se percebeu ainda melhor a importância que o internacional português consegue ter no esquema dos azuis e brancos. Coincidência ou não, com o jogador em dificuldades, o Sporting teve as suas duas melhores oportunidades num remate de Gudelj para grande defesa de Casillas e num cabeceamento de Bas Dost isolado mas a falhar o tempo de salto que terminou com um desvio ao lado da baliza dos azuis e brancos (77′).

Já com os três “espalha brasas” que começaram o encontro no banco dentro das quatro linhas (Fernando Andrade, Raphinha e Hernâni) e muitos elementos em dificuldades físicas pelo jogo demasiado disputado no limite que acabou por deixar mossa, houve mais espaços de parte a parte mas o discernimento, ou a falta dele, condicionou sempre a entrada no último terço para a criação de oportunidades que pudessem desfazer o nulo no clássico. Nada feito. O Sporting deixou de ter apenas vitórias em casa e manteve o quarto lugar, o FC Porto terminou uma série de 18 triunfos consecutivos. Tudo porque em Alvalade a luz que brilhou foi a natural – afinal, quantos jogos terminam com o dobro de amarelos em relação a remates enquadrados?

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