Mais de dois milhões de filipinos da comunidade de maioria muçulmana no sul do país são chamados esta segunda-feira a participar num referendo para tornar esta região mais autónoma, como solução para acabar com cinco décadas de conflito.
O porta-voz da comissão eleitoral James Jimenez afirmou que “o início do processo eleitoral parece estar a desenrolar-se bem”, logo após a abertura das mesas de voto, onde cerca de 2,1 milhões de filipinos poderão votar.
A votação centra-se nas províncias de Basilan, Lanao del Sur, Maguindanao, Sulu e Tawi-Tawi, que compõem a Região Autónoma Muçulmana de Mindanao (ARMM), que resultam do armistício de 1996 com a Frente Moro de Libertação Islâmica (FMLI).
No referendo é pedida aprovação da lei orgânica de Bangsamoro, assinada em julho pelo Presidente filipino, Rodrigo Duterte, que vai pôr em prática o acordo de paz alcançado em 2014 com a Frente Moro de Libertação Islâmica (FMLI).
Maior grupo rebelde muçulmano do país, a FMLI vai governar Bangsamoro, depois de ter deposto as armas e renunciado às aspirações independentistas.
Esta lei é vista como a solução para a paz no sul do arquipélago, que viveu cinco décadas de conflito armado e onde continuam a atuar milícias de grupos extremistas como o Abu Sayyaf, os Lutadores pela Libertação Islâmica de Bangsamoro, ou o Grupo Maute, opostos a qualquer acordo de paz.
Fundado em 1991 por alguns ex-combatentes da guerra do Afeganistão contra a antiga União Soviética, são atribuídos ao Abu Sayyaf alguns dos mais sangrentos atentados dos últimos anos nas Filipinas e vários sequestros com os quais se financia.
No dia 6 de Fevereiro é a vez dos cerca de 600 mil habitantes de Lanao del Norte decidirem pela aprovação, ou não, da lei orgânica de Bangsamoro.
Com 20 milhões de habitantes, cerca de 20% dos quais muçulmanos, Mindanao tem sido cenário, há décadas, de conflitos entre o Governo e grupos extremistas islâmicos, bem como a guerrilha comunista do Novo Exército do Povo.