O parlamento grego inicia esta quarta-feira o debate sobre o novo nome da Macedónia, que deverá terminar com a votação pouco após a meia-noite de sexta-feira, de acordo com o plano estabelecido pela conferência dos presidentes das comissões parlamentares.

Após ter sido ratificado pelo parlamento de Skopje há 11 dias, o acordo greco-macedónio de 17 de junho (Acordo de Prespes) que rebatiza a pequena república balcânica vizinha em “República da Macedónia do Norte” tem de ser aprovado pelo parlamento grego (a Vouli) para entrar em vigor.

O novo nome da Macedónia suscita a oposição de partidos políticos e vastos setores da sociedade grega, que consideram o nome Macedónia exclusivo do património histórico grego e deve ser reservado à província do norte da Grécia, onde permanece idolatrada a herança de Alexandre o Grande. No domingo, uma manifestação no centro de Atenas contra o acordo, convocada por forças nacionalistas e responsáveis da igreja ortodoxa, resultou em confrontos com a polícia junto ao parlamento.

O primeiro-ministro Aléxis Tsipras, que na quarta-feira garantiu pela margem mínima um voto de confiança no parlamento devido ao contencioso sobre a Macedónia, já manifestou confiança na aprovação do Acordo de Prespes pelo parlamento por uma maioria de pelo menos 151 dos 300 deputados.

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ONU alerta para perigos de rejeição do acordo

O mediador das Nações Unidas para o conflito sobre o nome da Macedónia, Matthew Nimetz, afirmou esta quarta-feira que, se o Parlamento grego não ratificar o acordo firmado entre Skopje e Atenas, “as consequências do fracasso serão profundas”.

Numa entrevista publicada pela agência de notícias grega AMNA, Matthew Nimetz argumentou que um novo acordo pode demorar anos, pois todas as questões agora resolvidas voltariam à mesa de negociações.

Matthew Nimetz foi durante décadas o enviado do secretário-geral da ONU para as negociações entre a Grécia e a Antiga República Jugoslava da Macedónia (ARJM). Na sua opinião, não há possibilidade de uma “solução rápida”, mas muitos cenários possíveis estão em aberto, “alguns deles bastante perigosos”.

“Os dois lados têm trabalhado de boa fé para resolver essa disputa”, declarou Nimetz, acrescentando que após 25 anos de “intensas conversações e negociações difíceis”, chegou-se a um acordo porque dois lados pensam que este respeita os interesses nacionais essenciais.

A Grécia e a Macedónia também consideram que com este acordo, há uma “maior possibilidade de se alcançar a paz, a segurança e a amizade do que se o conflito continuasse”, acrescentou.