Armando Vara não vai poder sair da cadeia de Évora, esta terça-feira, para testemunhar a favor da filha, Bárbara Vara. A sua audição, segundo a agência Lusa, foi adiado de terça-feira para o dia 5 de fevereiro, por decisão do juiz de instrução, Ivo Rosa. Segundo fonte ligada ao processo, na origem do adiamento está a greve dos guardas prisionais, cujos serviços mínimos não contemplam o transporte de presos para diligências não urgentes.
A informação da Direção Geral de Reinserção e Serviços Prisionais foi enviada na quinta-feira para o juiz Ivo Rosa, responsável pela instrução da Operação Marquês, que começa esta-segunda-feira a ouvir precisamente a filha do ex-governante — ambos arguidos no processo. Nesse fax, a diretora da cadeia de Évora informava que, devido à greve do Corpo de Guarda Prisional, os guardas prisionais só transportavam reclusos para diligências consideradas “absolutamente prementes e de realização inadiável” — ou seja, urgentes.
Num despacho assinado pelo Ivo Rosa na última sexta-feira, o juiz considerou que a audição de Armando Vara esta terça-feira no âmbito da instrução do processo Marquês não era um ato urgente.
Armando Vara está preso na cadeia de Évora desde 16 de janeiro, dia em que se apresentou depois de ter transitado em julgado a pena de cinco anos à qual foi condenado pelo Tribunal de Aveiro, por três crimes de tráfico de influência. No âmbito do processo Face Oculta, o tribunal deu como provado que o ex-governante recebeu 25 mil euros do sucateiro Manuel Godinho, o principal arguido naquele processo.
Vara é também arguido no processo Marquês, mas seria ouvido esta terça-feira enquanto testemunha da própria filha — também ela constituída arguida no processo e acusada de dois crimes de branqueamento de capitais. Bárbara Vara começou a ser ouvida esta segunda-feira, pelas 14h30, pelo juiz Ivo Rosa. A tese da defesa assenta no desconhecimento da arguida nas operações feitas pelo pai. A filha de Armando Vara garante que apenas deu o nome a contas do pai por uma questão de segurança e que desconhecia que tinha sido ele quem, afinal, comprou o apartamento que vendeu na Avenida do Brasil, em Lisboa.
À entrada do tribunal, nem a arguida nem os seus advogados, Rui Patrício e João Cluny, quiseram prestar declarações, remetendo para o fim da sessão eventuais comentários.