Duas das mais importantes agências de fact-checking do mundo, a Associated Press e a Snopes, anunciaram à BBC que vão deixar de trabalhar com o Facebook. As empresas ajudavam a rede social a combater a disseminação de notícias falsas na plataforma.
Representantes do Facebook garantiram que a empresa estava “dedicada a combater a informação falsa através de múltiplas táticas”, sendo o trabalho das agências de fact-checking uma componente importante desse esforço. A empresa continua a trabalhar com 36 consultores da área em 16 países.
Tanto a Associated Press como a Snopes afirmam continuar em conversações com o Facebook, sendo possível que voltem a trabalhar com a empresa no futuro. Mas a Snopes sublinhou que apenas colaboraria com o Facebook se tivesse a certeza de que “o resultado final era positivo para as comunidades online” e para os próprios trabalhadores. Os fundadores da agência acrescentaram numa mensagem pública que a decisão fora tomada de forma ponderada, por implicar perdas financeiras significativa para o grupo.
Em dezembro, o The Guardian, falava da frustração crescente das agências de fact-checking em relação ao Youtube. “Eles [o Facebook] não querem saber”, disse um antigo responsável da Snopes, depois de afirmar que o Facebook estava “mais interessado em criar boas aparências” do que em combater realmente os problemas da plataforma. O mesmo responsável comentou a saída das agências à BBC dizendo que o Facebook é “incapaz de lidar com qualquer tipo de crítica” e mantém um controlo demasiado apertado sob as agências que contrata.
As dificuldades surgem dias depois de o grupo Facebook (que integra serviços como o Instagram e o What’s App) anunciar lucros recorde — um aumento de 39% em relação ao ano passado, atingindo os 19,2 mil milhões de euros. Na mesma semana a Chief Operating Officer do Facebook, Sheryl Sandberg, desde o Fórum Económico Mundial, em Davos admitia falhas e deixava um objetivo para o futuro próximo: “O Facebook precisa de reconquistar a confiança das pessoas”.