Casamentos, batizados, funerais, e outros marcos retumbantes, e compromissos inescapáveis, na vida de reis e príncipes. Aos 80 anos, a diva de olhos amendoados continua a ser presença assídua nos eventos e nas páginas das revistas, e é raro desapontar em matéria de estilo. Um superavit de charme capaz de motivar amnésias — convém lembrar que trocou votos com um autocrata pró-Ocidente, sucedido pelo regime do ayatollah Khomeini.

Quatro décadas depois de abandonar Teerão rumo ao exílio parisiense que dura até hoje, Farah Diba, ou Farah Pahlavi, a viúva de Mohammad Reza Pahlavi e a última imperatriz do Irão, mantém-se ativa, majestosa e de aparência sempre impecável. É natural que roube atenções, em especial em tempo de datas tão redondas quanto nostálgicas. Esta semana, a revista francesa Point de Vue publica uma conversa que percorreu a relação com o marido, o “cavalheiro” e “pai extremoso” que conheceu ainda jovem em Paris, a trágica perda de dois dos quatro filhos, ou as lágrimas e o ruído dos helicópteros na manhã em que teve que deixar tudo para trás. “É melhor partirmos”, foi a frase do xá, sentenciando um caminho sem retorno, evocado também por títulos como a Hola.

Já a 4 de fevereiro, a W magazine dedicava um longo artigo à sua coleção de arte, que finalmente vê a luz do dia, com uma mostra prevista para este mês para a capital iraniana. Evocava também a edição de luxo apresentada na Christie’s, “Iran Modern: The Empress of Art”, com selo da Assouline. Um volume tão grandioso (que ascende quase aos 900 dólares) quanto a sua mentora, conhecida pela quantidade impressionante de obras de arte contemporânea que chegou a colecionar e expor em inúmeros museus iranianos, e ainda as mais de 200 aquisições que terá feito já no exterior do Irão.

Muito ativa nas redes sociais, Farah conta com quase 700 mil seguidores no Instagram, onde partilha momentos como a celebração dos seus 80 anos, cumpridos em outubro de 2018

“É claro que ela ainda se sente rainha”, defendia em 2010, para um artigo da Folha de São Paulo, a cineasta iraniana Nahid Persson Sarvestani, que passou quase dois anos no encalço de Farah para filmar o documentário “A Rainha e Eu” (2008). No filme, Sarvestani acompanha a “shahbanu” ao Egito, ao sumptuoso mauloséu onde está enterrado o xá, que morreu em 1980.

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Dividindo também o seu tempo com Washington DC, é o guarda-roupa, que lhe valeu comparações com Jackie O, que mais interesse sempre mobilizou. A mesma França que a acolheu no rescaldo da revolução iraniana, no começo de 1979, e onde assentou morada até hoje, serviu-lhe de inspiração para alguns dos momentos mais marcantes. Para a histórica fica o vestido de com assinatura Yves Saint Laurent, para a Dior, e a tiara Harry Winston que a consorte usou no dia do seu casamento, em 1959. Há muitos outros coordenados para a posteridade, para conferir na galeria.

Um escândalo “very british”. A infame vida de Margaret, a duquesa de Argyll, chega ao ecrã

“Quando reinou, o seu estilo foi visto por muitos compatriotas como blasfémia, por se estar a vender ao decadente Ocidente. Hoje os seus looks com assinatura de designer parecem mais estandartes da liberdade que tem sido negada há demasiado tempo às mulheres iranianas. Se o xá continua a ser visto como um militarista sem norte, a shahbanu — voluntária ou involuntariamente — é vista por alguns como uma feminista atípica”, descreve a W naquele artigo.

Em tons vibrantes ou num negro integral oportuno para despedidas solenes, dos tempos do preto e branco ao apogeu da cor na fotografia, recupere alguns dos momentos marcantes na agenda social de Farah.