O Carnaval de Loulé vai assumir pela primeira vez este ano uma vertente ecológica, saindo à rua entre domingo e terça-feira sob o tema “Circo Selfie”, uma alusão às selfies popularizadas pelo Presidente da República.

Pela primeira vez teremos copos ecológicos, que serão utilizados para as pessoas beberem no recinto de Carnaval, são feitos de papel e reutilizáveis, três ou quatro vezes, e não haverá palhinhas de plástico. São copos que depois irão passar por um processo de compostagem para serem utilizados na agricultura”, disse à Lusa Vítor Aleixo, presidente da Câmara de Loulé.

Além da introdução de copos ecológicos no recinto do Carnaval, o autarca destacou ainda o facto de vários dos materiais utilizados no desfile serem reutilizados, num dos corsos mais antigos do país e que se assume como o principal cartaz turístico do Algarve nesta altura do ano.

“Mais importante do que reduzir os custos, é poder contribuir para a necessidade urgente em reduzir os materiais que provocam grandes danos no meio ambiente, como é o caso do plástico. São práticas que estão cada vez mais presentes nas decisões da autarquia e este ano o carnaval também não escapa a isso”, referiu.

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Marcelo Rebelo de Sousa inspira o tema e é um dos protagonistas desta edição do Carnaval de Loulé, aqui retratado num dos carros alegóricos à boleia de um camião, uma sátira à sua recente viagem entre Lisboa e o Porto para ouvir as preocupações dos camionistas.

O hábito do Presidente da República tirar fotografias com o telemóvel com quem se cruza e as artes circenses inspiram “Circo Selfie”, o tema do corso deste ano, no qual desfilarão 14 carros alegóricos.

Com um investimento de 350 mil euros, a Avenida José da Costa Mealha, conhecida como o “sambódromo louletano”, vai ser ocupada por perto de 600 figurantes, entre palhaços, malabaristas, trapezistas e muitas personagens do mundo circense.

“Houve o reaproveitamento de partes do corpo de algumas das figuras do Carnaval do ano passado e, como nem tudo é produzido por nós, significou uma poupança acima dos 100 mil euros. Mas os carros são todos diferentes este ano, e temos a rapariga brasileira pintada ou a sátira política sem censura”, explicou Paulo Madeira, conhecido por ‘Palhó’, coordenador artístico do corso.

Depois de 23 anos a preparar o desfile de Carnaval, não existem muitos segredos para Palhó, que coordena uma equipa de mais de 50 pessoas, entre ferreiros, carpinteiros, serigrafistas, artistas plásticos, eletricistas, mecânicos ou o grupo de mulheres responsáveis pela colocação de flores coloridas de papel nos carros.

O Carnaval de Loulé é o resultado do trabalho de muitas pessoas durante dois meses e meio e pouco se altera de ano para ano. A dimensão dos carros, que anteriormente eram muito grandes, é menor e agora optamos por fazer mais bonecos. A qualidade dos materiais também faz com que o Carnaval tenha evoluído para melhor, além de mantermos a tradição da flor”, salientou.

Tal como acontece tradicionalmente, as flores são colocadas por um grupo de mulheres, neste ano treze, ao todo, como explicou à Lusa Libânia Coelho, a colaboradora mais antiga, que trabalha na decoração dos carros do Carnaval de Loulé há duas décadas.

“O primeiro trabalho é feito pelos homens que constroem os carros, depois a decoração está a cargo das mulheres. Há pessoas que fazem as flores em casa, outras veem de fora, ou são feitas e colocadas aqui nas oficinas. No final, ficamos muito felizes quando vemos os carros decorados”, contou.

Com a sátira política como ingrediente principal, o Carnaval de Loulé apresenta ainda bailarinas de escolas de samba, grupos de animação, cabeçudos, gigantones e outros artistas, que irão juntar-se durante três dias na principal artéria da cidade.

O desfile decorre entre as 15h e as 17h30. As entradas têm um custo de dois euros e todas as receitas de bilheteira revertem a favor de instituições de solidariedade do concelho e do movimento associativo que participa no corso.