A ministra da Administração Estatal e Função Pública de Moçambique, Carmelita Namashulua, alertou esta quarta-feira que a época das chuvas ainda não terminou e pediu à população para que se mantenha atenta aos avisos das autoridades.

A época chuvosa ainda não terminou. Alguns rios continuam com níveis hidrométricos muito altos, pelo que gostaríamos de apelar a todos para que continuem a prestar atenção aos avisos e alertas divulgados pelas entidades competentes”, disse.

Carmelita Namashulua falava no parlamento, em Maputo, numa sessão durante a qual fez um ponto de situação no terreno após a passagem do ciclone Idai, que causou 468 mortos, mais de 1.500 feridos, mais de 135 mil desalojados e deixou um rastro de destruição na zona centro do país.

A ministra moçambicana, que agradeceu o apoio dos moçambicanos e da comunidade internacional, afirmou que se “esperam momentos muito difíceis” na reconstrução do país e exortou “o setor privado, a sociedade civil e os parceiros de cooperação para que continuem a manifestar solidariedade com as populações afetadas”.

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“Todos os apoios disponibilizados chegarão aos seus destinatários. Temos um sistema de controlo interno que está alerta para que não haja nenhum desvio neste processo”, assegurou.

Sobre a situação no terreno, Carmelita Namashulua adiantou que os trabalhos de resgate ainda continuam, mas estão “na sua fase final”.

Ainda existem algumas pessoas sitiadas e à medida que vamos tendo acesso a esses locais essas pessoas são salvas”, disse.

Indicou, por outro lado, que foi já restabelecida a ligação viária entre a cidade da Beira, zona mais afetada pelo ciclone, e o resto do país, bem como a energia em todos os hospitais e em alguns bairros da cidade.

Há ainda trabalhos em curso para repor a rede de abastecimento de água danificada pelo ciclone.

“Está garantido o ‘stock’ para abastecer os centros de acomodação e a população afetada nas zonas remotas”, disse.

Acrescentou que as operações de limpeza continuam na cidade da Beira, nomeadamente das escolas, estando a ser distribuído material escolar às crianças para acelerar o reinício das aulas.

A ministra adiantou ainda que foi disponibilizado apoio psicológico às famílias das vítimas e aos desalojados e que estão a ser montados vários centros de tratamento de doenças transmissíveis, entre outras medidas para prevenir a escalada de doenças como a cólera ou malária.

Na mesma sessão parlamentar, a deputada moçambicana do principal partido da oposição moçambicana, Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), Angelina Inoque criticou a falta de previsão e o atraso no socorro às vítimas do ciclone Idai, considerando que a resposta foi de “correr atrás do prejuízo”.

A tragédia que se abateu sobre a zona centro do país é um problema de todos os moçambicanos. O mais triste é o atraso no atendimento e socorro às vítimas do ciclone. Os problemas repetem-se de ciclone em ciclone, de tragédia em tragédia, de tempestade em tempestade”, disse Angelina Inoque.

A passagem do ciclone Idai em Moçambique, no Zimbabué e no Maláui fez pelo menos 786 mortos e afetou 2,9 milhões de pessoas, segundo dados das agências das Nações Unidas.