O Banco de Portugal (BdP) piorou esta quinta-feira as projeções de crescimento de Portugal para este ano, esperando que o PIB aumente 1,7%, mantendo as projeções para 2020/2021, com o ritmo de crescimento a abrandar até aos 1,6%.

No Boletim Económico de março, divulgado esta quinta-feira, o banco central antecipa que a economia portuguesa cresça 1,7% este ano, menos 0,1 pontos percentuais do que o esperado em dezembro, enquadrada numa “envolvente económica e financeira globalmente favorável”, mantendo este ritmo em 2020 e abrandando novamente uma décima em 2021, tal como antecipado nas projeções anteriores, e “aproximando-se do crescimento potencial”.

Esta “ligeira revisão em baixa” do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para 2019 está relacionada, de acordo com o BdP, com a recomposição do crescimento do PIB, com maior dinamismo das importações do que das exportações, que resulta num “saldo negativo da balança de bens e serviços a partir de 2020”.

Contudo, antecipa-se a manutenção “de um excedente da balança corrente e de capital, ao longo do horizonte de projeção, com um contributo importante do aumento esperado das transferências da União Europeia neste período”.

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A projeção para a inflação foi também revista em baixa pelo BdP 0,6 pontos percentuais em 2019 para 0,8% e 0,3 pontos percentuais em 2020 (1,2%) e 2021 (1,3%).

Estas revisões, segundo o BdP, refletem a incorporação da informação divulgada após a publicação do Boletim Económico de dezembro e as alterações em alguns preços sujeitos a regulação, bem como “as perspetivas mais moderadas para a atividade económica”.

As projeções apontam para um crescimento das exportações de 3,8% em 2019, 3,7% em 2020 e 3,6% em 2021, acompanhando o crescimento da procura externa dirigida à economia portuguesa, com pequenos ganhos de quota de mercado, sobretudo associados à atividade turística, mas que à semelhança do ano anterior “deverá abrandar ao longo do horizonte de projeção”.

As importações deverão avançar 6,3% este ano, 4,7% em 2020 e 4,1% em 2021.

Ao nível do emprego, ao longo do horizonte de projeção, antecipa-se que continue a crescer, embora a um ritmo progressivamente mais moderado.

“A tendência de desaceleração reflete a maturação do ciclo económico e o aumento das restrições ao nível da oferta de trabalho”, sinaliza o BdP.

A taxa de desemprego — que se fixou nos 7% em 2018 — deverá baixar, segundo as projeções da instituição liderada por Carlos Costa, até aos 5,2% em 2021.

O Banco de Portugal refere que a perspetiva de redução do crescimento, que é comum a outras economias, nomeadamente à área do euro, está associada à “maturação do ciclo”.

“A desaceleração do comércio mundial reforça esta tendência, que pode ser acentuada pelos importantes riscos externos identificados, nomeadamente ao nível das tensões comerciais”.

Adicionalmente, continua, persistem riscos e constrangimentos específicos ao crescimento da economia portuguesa no médio e longo prazo – demográficos, tecnológicos e institucionais – aos quais acrescem os elevados níveis de endividamento dos agentes económicos.

“Neste quadro afigura-se essencial a criação de condições que promovam o aumento da produtividade, através de uma melhor afetação de recursos, do bom funcionamento dos mercados do produto e de trabalho e da aposta no capital humano e na inovação”, indica o BdP.