O BE defendeu esta quinta-feira simplificação, transparência e tributação como pontos essenciais nas alterações propostas pelo grupo de trabalho que analisa as viagens dos deputados, enquanto o PCP considerou que o mais importante é compensar deslocações que efetivamente são feitas. No final de uma conferência de líderes extraordinária para fazer o ponto de situação do grupo de trabalho constituído para rever o regime de abonos e deslocações, também o CDS-PP, pela voz do deputado António Carlos Monteiro, garantiu que o partido está neste “processo de boa-fé e empenhado”, com objetivo de corresponder às preocupações do Tribunal de Contas e tornar o sistema “mais claro”.

“Esta comunicação que vos estou a fazer não serve para fechar nenhuma porta, mas serve para repor a verdade sobre a disponibilidade do Bloco de Esquerda para alcançarmos os consensos necessários para darmos mais transparência, mais simplificação e tributarmos o que deve ser tributado nestas matérias de ajudas de custo ou de apoios à atividade política por parte dos deputados”, disse aos jornalistas o líder da bancada parlamentar bloquista, Pedro Filipe Soares.

De acordo com o deputado do BE, “o que está em causa e o que tem demorado tanto tempo a chegar a acordo sobre isto e sobre outras matérias é a divergência das opiniões dos grupos parlamentares neste contexto”. “Sabemos que estas matérias têm alguma sensibilidade para algumas bancadas e isso é o que está, de facto, a causar problemas para avançarmos para os consensos”, acrescentou, garantindo que para o BE “este trabalho já teria sido terminado há mais tempo” e esperando que “na próxima semana isso aconteça”.

Já pelo PCP, o líder parlamentar João Oliveira, começou por destacar que nunca “houve problema no cumprimento das regras que quinta-feira estão em vigor” por parte de nenhum deputado comunista, mas que, apesar disso, o partido deu o seu “melhor contributo para o aperfeiçoamento que pode existir, a simplificação e até a correção de algumas opções”. “Desde o início deixámos claro um critério que para nós é mais importante: encontrar forma de compensar despesas com deslocações que, efetivamente, são feitas para o trabalho político do que encontrar soluções de abonos para deslocações que podem ou não ser feitas”, sublinhou.

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Segundo João Oliveira, “as soluções que foram alcançadas até agora na discussão do grupo de trabalho merecem o acordo do PCP”, manifestando “alguma perplexidade relativamente a algumas soluções alternativas que têm sido consideradas, nomeadamente para as questões das deslocações dos deputados residentes nas regiões autónomas”.

António Carlos Monteiro, deputado do CDS-PP, recorreu a uma expressão utilizada “muitas vezes na diplomacia: para o CDS nada está fechado enquanto tudo não ficar fechado”. “Continuaremos a nossa participação neste mesmo processo tendo presente estas exigências de forma muito clara na nossa mente”, disse.

O coordenador do grupo de trabalho sobre as viagens dos deputados, Jorge Lacão, defendeu que todos os subsídios atribuídos aos parlamentares devem ser inscritos no seu Estatuto, o que não acontece atualmente. Sobre os pontos já consensualizados, o coordenador do grupo de trabalho confirmou, tal como a Lusa noticiou na quarta-feira, que as moradas efetivas dos deputados passam a ser as que constam do Cartão de Cidadão e que só serão pagas deslocações efetivamente realizadas e declaradas. Quanto aos deputados das regiões autónomas da Madeira e dos Açores, Lacão confirmou igualmente que “há consenso suficiente” para avançar com uma espécie de solução tripla, em que os parlamentares escolherão a que preferem no início de cada sessão legislativa.