Pode parecer, mas não é exagero dizer que foi encontrado um balcão de fast-food em Pompeia, a cidade do Império Romano que desapareceu no ano 79, depois da erupção do vulcão Vesúvio. Para sermos rigorosos, o que as escavações arqueológicas descobriram no setor chamado Região V foi um termopólio. E o que era isto? Era um lugar — normalmente uma pequena sala, com uma mesa ou balcão — onde se vendiam alimentos já confecionados e prontos para o consumo.
A comida, ainda quente, era armazenada em dólios, que eram grandes jarras de cerâmica. Quem normalmente recorria a estes serviços, eram os cidadãos com menos dinheiro e que não tinham forma de cozinhar em casa. Do menu, faziam parte refeições como pão com peixe salgado, queijo assado, lentilhas e vinho picante, ou seja, comida de confeção e consumo rápidos.
A descoberta foi anunciada por Massimo Osanna, diretor do Parque Arqueológico de Pompeia, e que desde o ano passado tem dado nova vida à vila preservada sobre as cinzas do Vesúvio. Desde os anos 60 que não havia escavações tão intensas no local e 2018 foi o ano em que muitas descobertas foram anunciadas.
A zona em causa ainda não está aberta ao público, embora outros locais de Pompeia possam ser visitados. Estima-se que mais de 2,5 milhões de visitantes passem todos os anos por ali.
As escavações fazem parte do Projeto Grande Pompeia, financiado em 105 milhões de euros pela União Europeia. E é o próprio Osanna quem diz que o trabalho desenvolvido pela sua equipa na Região V está a ser uma “autêntica revolução”, pois veio alterar a forma como as escavações são feitas na antiga cidade, a 22 quilómetros de Napóles, e que hoje é Património da Humanidade da UNESCO.
Esta descoberta é só mais uma de muitas, mas o diretor fez questão de partilhá-la nas redes sociais. “Um termopólio foi devolvido à luz do dia, com o seu belo balcão com frescos”, escreveu Massimo Osanna na sua conta de Instagram, onde publicou também uma imagem do vestígio arqueológico, que terá mais de dois mil anos. Este não é o primeiro termopólio (thermopolium em latim) a ser descoberto em Pompeia, e dezenas de exemplares têm sido encontrados durante as escavações arqueológicas.
Entre as muitas descobertas da equipa liderada por Osanna, está o “último fugitivo de Pompeia”, o esqueleto de um homem que ficou preso na cidade enquanto tentava escapar à destruição. Em cima do esqueleto, na zona da cabeça, está um grande bloco de pedra. Outra, foi a “Casa de Júpiter”, dedicada ao senador M. Nonio Balbo, um homem de grandes posses.
As grandes e as pequenas descobertas permitiram transformar cada casa de Pompeia num pequeno museu. “Alguns objetos e mobília são originais, outros fomos nós que fizemos expressamente e isso é muito bom, porque podemos ver objetos antigos da vida quotidiana no seu lugar e não num museu fora do contexto”, reforçou Osanna, em declarações à imprensa em 2018.
Pompeia. Há novas descobertas e uma segunda vida para a antiga cidade romana