Há mais de 30 anos que a história se repetia, mas o mistério pode, por ter fim, estar resolvido. As praias da Bretanha e os habitantes locais habituaram-se a avistar fragmentos de um popular objeto que marcou a década de 80, o telefone em forma de Garfield, parente próximo de outras variações do género, como o telefone em forma de hambúrguer. Ano após ano, o célebre e rezingão gato laranja que adorava lasanha foi fazendo as suas aparições nos areais do noroeste de França, sem que fosse conhecida a origem do fenómeno.

Foi depois de assistir a toda a cobertura mediática que René Morgan decidiu contactar os membros do associação ambiental sem fins lucrativos Ar Viltansoù, sinalizando a eventual origem desta tendência. Recordou-se de uma enorme tempestade que se terá abatido sobre a zona na década de 80, quando o homem estaria na casa dos 20 anos, e remontará a essa altura a descoberta de uma gruta onde terá ficado preso um velho contentor cheio de telefones destes — o acesso à caverna está normalmente condicionado pela maré tornando-se apenas possível alcançá-la poucos dias por ano.

Tudo indica que se tratem dos artigos produzidos pela Tyco e que encantaram adolescentes há mais de três décadas.

O achado foi descrito por Morvan à France Info, que acompanhou em vídeo este processo recente de identificação . “Encontrámos um contentor que se encontrava preso num baixio; estava aberto, muita coisa tinha desaparecido, mas ainda havia um stock de telefones. Na altura, chegava-nos muita coisa que se tinha perdido no mar”. Foi apenas no mês passado que o morador guiou elementos da Ar Vilantsou em busca dos últimos destroços. Encontraram restos dos referidos gatos, junto com uma misturada de fios, plástico e componentes de metal.

Da Nova Zelândia aos EUA, a descoberta correu o mundo. E não é por acaso. Aquilo que não passaria de uma breve história para a categoria de trivia, leva-nos a refletir mais uma vez sobre a longevidade de um material como o plástico. Se o objeto em causa é um exemplar tão pitoresco quando kitsh, a verdade é que os inúmeros gatos não deixam de ser um símbolo da poluição dos oceanos, motivo de sobra para recordar números negros e reforçar alertas. Só entre 2008 e 2016, cerca de 1500 encomendas perderam-se algures no mar enquanto eram transportadas, percalços com impacto direto no ecossistema. Escusado será dizer que o grupo de voluntários continuará a limpar o lixo provocado (involuntariamente) pelo célebre felino.

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