Bruno Lage substituiu Rui Vitória nos primeiros dias de janeiro. Na altura, o impacto do então treinador interino foi quase imediato e Luís Filipe Vieira acabou por tomar a decisão de o tornar efetivo. A chamada “chicotada psicológica”, que de acordo com um estudo do Observatório do Futebol da Universidade Europeia é benéfica a curto prazo, mas torna-se prejudicial a longo prazo, trouxe ao Benfica não só bons resultados como a afirmação de Ferro, Florentino e Gedson e alavancou a qualidade de João Félix, que já se tinha mostrado com Rui Vitória mas só se afirmou com a chegada de Lage.

“Chicotadas psicológicas”: boas a curto prazo, más após nove jogos. E a exceção que é Bruno Lage

Nesse mesmo estudo da Universidade Europeia, Bruno Lage era apontado como a exceção à regra no que toca à troca de treinadores a meio da temporada. O treinador do Benfica trouxe melhorias no início, melhorias a meio a continua a trazer melhorias numa fase final de época muito exigente e onde os encarnados ainda disputam duas frentes distintas. Desde que Lage chegou ao comando técnico do clube da Luz, há 14 jogos no Campeonato, o Benfica marcou quatro ou mais golos em oito ocasiões, ou seja, em mais de metade dos encontros.

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Este sábado, contra o V. Setúbal, o Benfica somou o terceiro jogo consecutivo a marcar quatro golos (Feirense e Eintracht Frankfurt). Mais do que isso, os encarnados ultrapassaram a marca dos 80 golos desde o início da Primeira Liga (chegaram aos 81) e não atingiam este registo até à 29.º jornada desde 1983/84, há mais de 30 anos. Na flash interview já depois do final do jogo, Bruno Lage defendeu que esta foi uma “boa vitória com boa dinâmica” por parte do Benfica.

“Estivemos ao nosso melhor nível e chegámos ao 2-0, mesmo falhando o penálti. Depois disso acontece o golo… Creio que sentimos um pouco o entusiasmo do jogo e das oportunidades que fomos tendo. Sentimos isso e não ficamos atentos às transições, algo no qual o Vitória é muito forte, especialmente devido ao avançado, que é veloz e inteligente (…) mas deixa-me satisfeito o que fizemos no jogo, especialmente pela entrada forte. Ficamos bem com este resultado e agora é recuperar, mas sem nunca deixar de pensar no Campeonato. Temos cinco finais pela frente, mas também a segunda mão da Liga Europa”, explicou o treinador do Benfica, que dedicou ainda a vitória a Fernando Ferreira, treinador de guarda-redes da equipa principal, que perdeu a mãe a meio da semana e para quem todos os jogadores correram na hora de celebrar o golo madrugador de Rafa.

“O grupo juntou-se e quis oferecer-lhe a vitória. O discurso do nosso capitão, que nos deixou todos emocionados e em lágrimas, foi no sentido de entrarmos determinados para oferecer-lhe a vitória e fazer o golo aos dois minutos realmente é de um espírito de equipa muito forte. Vive-se isso muito no balneário, uma entreajuda, um espírito de missão. Esta é uma verdadeira equipa e como tal aquilo que é o nosso contributo nesta vitória é também para o Fernando Ferreira”, acrescentou Bruno Lage, revelando então que André Almeida fez um discurso que motivou a equipa para o jogo com o V. Setúbal.

Já Rafa, que bisou no dia em que cumpriu o jogo 150 na Primeira Liga, desvalorizou as temporadas menos bem conseguidas na Luz e garantiu que se sempre se “sentiu bem” no Benfica. “A equipa sempre me apoiou muito. Esta época está a ser boa, as outras foram o que foram mas isso não me chateou, agora é trabalhar para conseguir o nosso objetivo, que é conquistar o Campeonato”, afirmou o internacional português.